Como um artista que vê


“Nunca haverá explicações satisfatórias, se a visão do todo ainda é parcial” – Livro O Éden

Se pudesse ver sua vida inteira de uma vez, sem os limites do tempo, como quem enxerga uma foto com cada movimento, abrangendo todos os planos, caminhos interconectados, desvios, prolongamentos, começo, meio e fim, certamente ganharia outra percepção em relação a si mesmo e ao significado de tudo o que já viveu.

Veria que não havia necessidade de tantas angústias e medos, que – agora você vê – foram criadas por você.

Olhando para trás, ficaria claro que cada situação, sejam as “boas” ou “más”, seguiam um fluxo harmônico, exatamente como acontece na natureza, colaborando para o desenvolvimento de sua própria flora, no seu caso, sua construção pessoal, transformando, expondo sua mente à novas experiências, amadurecendo seu olhar, podando, regando, semeando, colhendo.

O inverno que parecia sem explicação, se encaixaria na próxima estação, criando um ciclo de equilíbrio e suprimento para cada fase.

Olhando de longe você lamentaria não ter percebido.

Seria como um tapete cheio de alinhavamentos, desvios, desconexões sem nenhum sentido na parte de baixo, mas tudo muda quando você olha o outro lado e percebe que nada foi por acaso.

Talvez, vendo a vida sem os limites do tempo, se arrependa de tantas reclamações lamurientas, projeções do que acreditava ser o ideal sem lhe dar chance para calar e ouvir.

Aprenderia a ficar quieto quando ao redor só tem barulho, escutar sua própria voz interior que sussurra e não grita, observaria melhor quanta gente apareceu para te ajudar e você desprezou, quantas oportunidades desperdiçadas, quantas chances sufocadas pela sua cegueira, pela pena de si mesmo que você tanto adulou.

Valorizaria atitudes que pareciam banais, mas estavam lá para fazer toda a diferença. Se chocaria ao perceber quantas e quantas e quantas oportunidades teve, mas você não viu, com suas reticencias, suas insistências, seus autossabotamentos.

Mas hoje, na relatividade, vivendo as relações contraditórias, mergulhado nos limites do tempo e do espaço, olhando a partir de uma única perspectiva que segue um mesmo fluxo, isso tudo parece loucura.

O fato é que mesmo assim alguns vêem.

Esses aprenderam a projetar-se sobre seus condicionamentos e arbitraram a si mesmos a prerrogativa de serem mais do que serzinhos que reclamam entre uma refeição e outra, entre o bom dia e o boa noite, entre o nascer e o morrer.

Dentro de nós, existe uma dimensão que não se tangencia pelo que vê. Que não se limita pelo campo visual e enxerga as conexões que se tocam, as experiências que nos melhoram, as percepções que dão significado o caos.

Dê a essa dimensão o nome que quiser – não importa como a chame-  resgate-a.

Temos uma chance de sairmos da caverna, de olharmos lá fora, de entendermos um pouco mais sobre a vida e nós mesmos. Tudo coopera para que assim seja e todas as experiências são materiais para nossa construção interior.

Afaste-se do quadro. Mude a perspectiva. Olhe a partir de outro ângulo.

Flavio Siqueira

A missão dos setenta e dois


1 Depois disso o Senhor escolheu mais setenta e dois dos seus seguidores e os enviou de dois em dois a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir. 2 Antes de os enviar, ele disse:— A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita. 3 Vão! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias. E não parem no caminho para cumprimentar ninguém. 5 Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: “Que a paz esteja nesta casa!” 6 Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação. 7 Fiquem na mesma casa e comam e bebam o que lhes oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de uma casa para outra. 8— Quando entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam a comida que derem a vocês. 9 Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: “O Reino de Deus chegou até vocês.” 10 Porém, quando entrarem numa cidade e não forem bem recebidos, vão pelas ruas, dizendo: 11“Até a poeira desta cidade que grudou nos nossos pés nós sacudimos contra vocês! Mas lembrem disto: o Reino de Deus chegou até vocês.” 12 E Jesus disse mais isto:— Eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Sodoma do que daquela cidade!
As cidades que não creram
Mateus 11.20-24
13 Jesus continuou:— Ai de você, cidade de Corazim! Ai de você, cidade de Betsaida! Porque, se os milagres que foram feitos em vocês tivessem sido feitos nas cidades de Tiro e de Sidom, os seus moradores já teriam abandonado os seus pecados há muito tempo. E, para mostrarem que estavam arrependidos, teriam se assentado no chão, vestidos com roupa feita de pano grosseiro, e teriam jogado cinzas na cabeça. 14 No Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Tiro e de Sidom do que de vocês, Corazim e Betsaida! 15 E você, cidade de Cafarnaum, acha que vai subir até o céu? Pois será jogada no mundo dos mortos! 16 Então disse aos discípulos:— Quem ouve vocês está me ouvindo; quem rejeita vocês está me rejeitando; e quem me rejeita está rejeitando aquele que me enviou.
A volta dos setenta e dois
17 Os setenta e dois voltaram muito alegres e disseram a Jesus:— Até os demônios nos obedeciam quando, pelo poder do nome do senhor, nós mandávamos que saíssem das pessoas! 18 Jesus respondeu:— De fato, eu vi Satanás cair do céu como um raio. 19 Escutem! Eu dei a vocês poder para pisar cobras e escorpiões e para, sem sofrer nenhum mal, vencer a força do inimigo. 20 Porém não fiquem alegres porque os espíritos maus lhes obedecem, mas sim porque o nome de cada um de vocês está escrito no céu.
A alegria de Jesus
Mateus 11.25-27; 13.16-17
21 Naquele momento, pelo poder do Espírito Santo, Jesus ficou muito alegre e disse:— Ó Pai, Senhor do céu e da terra, eu te agradeço porque tens mostrado às pessoas sem instrução aquilo que escondeste dos sábios e dos instruídos. Sim, ó Pai, tu tiveste prazer em fazer isso. 22— O meu Pai me deu todas as coisas. Ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém sabe quem é o Pai, a não ser o Filho e também aqueles a quem o Filho quiser mostrar quem o Pai é. 23 Então Jesus virou-se para os discípulos e disse só para eles:— Felizes são as pessoas que podem ver o que vocês estão vendo! 24 Eu afirmo a vocês que muitos profetas e reis gostariam de ter visto o que vocês estão vendo, mas não puderam; e gostariam de ter ouvido o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram.
A parábola do bom samaritano
25 Um mestre da Lei se levantou e, querendo encontrar alguma prova contra Jesus, perguntou:— Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna? 26 Jesus respondeu:— O que é que as Escrituras Sagradas dizem a respeito disso? E como é que você entende o que elas dizem? 27 O homem respondeu:— “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo.” 28— A sua resposta está certa! — disse Jesus. — Faça isso e você viverá. 29 Porém o mestre da Lei, querendo se desculpar, perguntou:— Mas quem é o meu próximo? 30 Jesus respondeu assim:— Um homem estava descendo de Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a sua roupa, bateram nele e o deixaram quase morto. 31 Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho. Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada. 32 Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo outro lado da estrada. 33 Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até ali. Quando viu o homem, ficou com muita pena dele. 34 Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele. 35 No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo:— Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais com ele. 36 Então Jesus perguntou ao mestre da Lei:— Na sua opinião, qual desses três foi o próximo do homem assaltado? 37— Aquele que o socorreu! — respondeu o mestre da Lei.E Jesus disse:— Pois vá e faça a mesma coisa.
Jesus visita Marta e Maria
38 Jesus e os seus discípulos continuaram a sua viagem e chegaram a um povoado. Ali uma mulher chamada Marta o recebeu na casa dela. 39 Maria, a sua irmã, sentou-se aos pés do Senhor e ficou ouvindo o que ele ensinava. 40 Marta estava ocupada com todo o trabalho da casa. Então chegou perto de Jesus e perguntou:— O senhor não se importa que a minha irmã me deixe sozinha com todo este trabalho? Mande que ela venha me ajudar. 41 Aí o Senhor respondeu:— Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, 42 mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela.