Confesso que não consigo gostar de nada que seja plástico, sem
vida, que busque recursos estéticos ou emocionais para enganar quem vê,
apelando para o sentimentalismo enquanto disfarça a falta de conteúdo.
A graça está na naturalidade, por mais que o natural esteja fora de padrões estéticos ou usualmente aceitos.
Vivemos no mundo das aparências, onde a forma vale mais do que o conteúdo.
Os políticos sabem muito bem disso. Melhor do que uma proposta
coerente, é uma discurso emocional com voz embargada, trilhas bonitas,
imagens inspiradas, jovens e idosos por perto, pelo menos até que os
holofotes do estúdio apaguem.
A maioria de nós se impressiona com isso.
Todos os dias recebo “orações”, “poemas” ou histórias “inspiradoras”
cheias de clichês, chavões com muito mel e açúcar e fico pensando “como
tem gente que acha bonito e ainda repassa !?”
Não é questão de forma, muito pelo contrário, é a falta de inspiração; vento em embalagem de cristal.
Em compensação, quando é de verdade, pode ser feio, anti estético,
sem regras, pé nem cabeça, mas se vier do coração virá carregado de
beleza. A beleza de quem colocou alma no que fez.
As palavras saem com naturalidade, os movimentos, as produções de
quem não se preocupa tanto com técnicas, mas deixa que sua vida seja
expressão do que lhe habita e flua através do que se propõe a fazer. É
uma entrega, uma doação.
O olhar revela o que tem no coração, a boca fala sobre o que enche a alma, o som é sempre bom quando vem de dentro.
Suas produções diárias revelam o que tem dentro de você.
Flávio Siqueira
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