sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Reconhecimento


Por que será que a maioria de nós sente tanta necessidade de reconhecimento? Mesmo quando realiza um trabalho bem feito, original, que lhe proporciona uma satisfação interior, o ser humano não consegue senti-la completamente, se não obtiver como resultado adicional o reconhecimento do mundo.

Muitas vezes, ainda que tenhamos feito o melhor, e nossa satisfação seja grande, ela é imediatamente minada se alguma crítica exterior nos é direcionada. É como se nossa própria avaliação tivesse pouco ou nenhum valor e apenas a opinião e a visão que o outro tem de nós é que avaliza nossa competência.

Visto que o julgamento do outro está sempre contaminado por suas próprias expectativas, frustrações ou projeções, dar a ele tamanho peso só pode resultar em muitos problemas para nossa vida.

Enquanto não aprendermos a aceitar que nunca conseguiremos satisfazer a maioria das pessoas e que nossas qualidades devem ser respeitadas, inicialmente por nós, continuaremos vivendo na ansiedade de satisfazer os outros em primeiro lugar.

Quantas pessoas se sentem infelizes, mas prosseguem realizando coisas que não gostam apenas para corresponder às expectativas alheias? Esta é a principal armadilha do ego, ele se alimenta de elogios, palavras nem sempre sinceras, mas que lhe dão a ilusão de que está no caminho certo.

Afinal, para obter o respeito alheio vale qualquer coisa no mundo em que a vaidade e o orgulho predominam sobre quaisquer outros sentimentos.

Somente uma autoestima sólida e uma confiança absoluta em nossa voz interior é que poderá nos ajudar a enfrentar as críticas alheias com serenidade. Para tanto, é fundamental que nossas ações sejam aprovadas, antes de tudo, por nossa própria consciência.

É muito bom receber demonstrações exteriores de admiração e apreço mas, melhor ainda é quando estes sentimentos brotam de nosso próprio coração, pois eles nos libertam da dependência à aceitação alheia, que tanto nos escraviza e impede nosso crescimento.

“... É preciso lembrar que a necessidade de obter aprovação e de ser reconhecido é uma questão que diz respeito a todo mundo. A estrutura de toda a nossa vida é essa que nos foi ensinada: a menos que exista um reconhecimento, nós somos ninguém, nós não temos valor.

O trabalho não é o importante, mas sim o reconhecimento. E isso coloca as coisas de cabeça para baixo. O trabalho deveria ser o importante – uma alegria em si mesmo. Você deveria trabalhar, não para ser reconhecido, mas porque você curte ser criativo, você ama o trabalho em si mesmo.


E esta deve ser a maneira de ver as coisas: você deve trabalhar se amar aquele trabalho. Não peça reconhecimento. Se ele vier, aceite-o tranquilamente; se ele não vier não pense a respeito. A sua realização deve estar no próprio trabalho. E se todos aprendessem esta simples arte de amar o seu trabalho, seja qual ele for, curtindo-o sem pedir por qualquer reconhecimento, nós teríamos um mundo mais belo e mais celebrante.

Do jeito que o mundo é, vocês têm estado presos num padrão miserável. O que você faz é bom, não porque você ama fazê-lo, não porque você o faz perfeitamente, mas porque o mundo o reconhece, lhe dá uma premiação, lhe dá medalhas de ouro, prêmios Nobel.

... Eles têm tirado todo o valor intrínseco da criatividade e destruído milhões de pessoas – pois você não pode dar prêmios Nobel a milhões de pessoas. E têm criado o desejo por reconhecimento em todo mundo, de modo que ninguém consegue trabalhar em paz, curtindo qualquer coisa que esteja fazendo. E a vida consiste em pequenas coisas. Para as pequenas coisas não existem premiações, nenhum título concedido pelos governos, nenhuma graduação honorária dada pelas universidades.

... Por que você deve se preocupar com reconhecimento? Preocupação com reconhecimento somente faz sentido se você não ama o seu trabalho, nesse caso ele não tem significado, então o reconhecimento parece ser um substituto. Você detesta o trabalho, não gosta dele, mas você o faz porque será reconhecido, será apreciado e aceito. Ao invés de pensar no reconhecimento, reconsidere o seu trabalho. Você gosta dele? – então ponto final. Se você não gosta, então, troque-o!

... Olhe no fundo de si mesmo. Talvez você não goste do que está fazendo, talvez você tenha medo de encarar que está no caminho errado. A aceitação irá ajudá-lo a achar que está certo. O reconhecimento irá fazê-lo achar que está indo para o objetivo correto.

A questão diz respeito aos seus próprios sentimentos internos, ela nada tem a ver com o mundo externo. Por que depender dos outros?

... Para ser um indivíduo, viva em total liberdade, apoiado em seus próprios pés, beba a sua própria fonte. Isso é o que torna um homem verdadeiramente centrado, enraizado. Este é o início do seu florescimento supremo...”


OSHO – Beyond Psychology
Fonte: STUM

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