domingo, 21 de setembro de 2014

Sobre o ato de julgar e condenar


Quando uma determinada pessoa olha para outra e a julga, ela faz isso com quais “olhos”? Qual o “prisma”, o referencial que ela usa para fazer as avaliações, julgamentos e, até mesmo, condenações, em seu pensamento? Porque se ela tiver praticando essa atitude com base no que ela acha que é certo e errado, - conceitos estes inventados com base nos padrões comportamentais e nas inventadas leis humanas – será que ela estará fazendo avaliações e julgamentos corretos? Pois, eu sugiro que primeiramente, essa pessoa examine essa estrutura conceitual que existe em sua cabeça; que examine as leis criadas que deram origem a toda essa estrutura que se acha capaz de julgar e condenar. Pergunto: as leis foram criadas com base no quê? Evidentemente, que elas foram criadas com base nos conceitos religiosos que se encontram nas bíblias, enfim, nos livros religiosos. E para que surgissem os espessos glossários jurídicos, muitas pessoas maquinaram com seus pensamentos, fazendo uso do frio e seco raciocínio para acrescentarem as modificações e acréscimos que achavam cabíveis. Eles, nem sequer, inicialmente, questionaram para ver se o material de base que iriam usar era algo realmente bom e confiável. Os criadores de leis e regras estão sempre apelando para o emocional do coletivo e esperando o apoio e confirmação deste. Disso tudo surge um questionamento: Que valor tem a afirmação de milhares ou, até mesmo, milhões de pessoas sobre um assunto que não têm o mínimo de conhecimento, de esclarecimento? As pessoas pensam que conhecem. Pensam que isso é muito simples e que é só uma questão de opinar usando o emocional e o pensamento manobrado. Mas, na verdade, a coisa não é tão simples assim como parece.
Se nos tornarmos pessoas simples, isto é, destituídas de prepotências e orgulhos, começaremos a questionar as leis criadas, e, desse questionamento, com certeza, a lucidez despontará. Para vivermos bem, realmente, precisamos das leis inventadas pelos frios intelectos? Não será que essa ação provoca, exatamente, uma ação oposta, conflitante? Pois, as leis são fatores limitativos, aprisionadores – psicológica e fisicamente falando – e quando a Vida que é essencialmente Livre se ver obrigada a se subjugar ao domínio de leis insensíveis, inicia-se, daí, inevitavelmente, o travamento de uma luta sem tréguas e sem fim. Pergunto: O que foi que as leis resolveram em relação ao bom viver, até os dias de hoje? A coisa só vem piorando cada vez mais, não é mesmo? Na verdade, não são as leis que têm o poder de harmonizar a Vida, mas sim o Verdadeiro Amor. As leis foram criadas com base num falso senso de justiça, isto é, numa justiça-pensamento abstraída dos movimentos do amor egóico, que é o amor egoísta derivado do apego. Tudo isso está enraizado no ego-pensamento. Esse amor sempre cobra retribuições, tal como: reconhecimentos e favores. Isso tudo, para mim, soa como um brutal contra-senso, pois, o Verdadeiro Amor não cobra nada de ninguém e respeita a liberdade dos outros acima de qualquer coisa. No dia-a-dia, todos nós testemunhamos o fato de as pessoas usarem de chantagens emocionais para conseguir o amor de outra, por exemplo: eu a amo e a quero, mas você tem que me querer também; quer queira ou não queira! quer goste ou não goste! Isso realmente é uma verdadeira piada. É claro que as pessoas não falam isso diretamente para as outras, mas cobram atitudes e ações que as evidenciam.
Vamos examinar um pouco, o que indiretamente e sutilmente essas frias leis estão provocando. As leis induzem as pessoas a criarem os seus referenciais de certo e errado; e, a partir daí, desse referencial, desse pensamento, a pessoa, na sua cabeça, acha-se capaz de julgar e, até mesmo, condenar e sentenciar os outros pelas suas ações e atitudes desenquadradas. Essa prepotência humana é bem ostensiva, principalmente se houve um empenho, para tal, que seja aprovável pelos padrões sociais. Os anéis e canudos de papeis que o digam! Vou aproveitar a ocasião e citar um exemplo demonstrativo da força negra e sorrateira dos conceitos absorvidos e adotados: o tacanho pensamento condicionado inventou o casamento e um mundo de leis e regras que o permeia. Essas leis e regras, a partir do inconsciente, foram se tornando as bases para os pensamentos das pessoas invigilantes e desconhecedoras de si mesmas. Como exemplo, podemos citar as inúmeras vezes que ouvimos notícias de pessoas rudes matarem seus próprios companheiros, com base na lei que, obscuramente, age nas suas cabeças, por alegação de traição. Traição (??), isso realmente existe no que é natural? Evidentemente, isso só existe dentro de uma mentalidade tacanha que foi sufocada por leis e regras para roubar-lhe a lucidez. Evidentemente, não estou querendo dizer que expressamente as leis permitem e aprovam atitudes como a citada, mas elas a induzem, indiretamente, a partir do inconsciente coletivo e pessoal, pelo estabelecimento dos conceitos do que é “certo” e do que é “errado”. Esses conceitos têm uma força tremenda e, são fortemente apoiados pelos exercícios das descriminações, das gozações que objetivam a exclusão social do pretenso infrator. Infrator do quê? Do que o pensamento inventou? PENSAMENTOS, SÓ PENSAMENTOS!
Eu, particularmente, fico realmente impressionado e triste quando vejo pessoas na TV confessando que admitem que estão erradas; que suas ações foram criminosas, e que aceitam as condenações que lhes são cabíveis, isto é, as que são merecidas. Será que são realmente merecidas? Pessoal, isso é incrível e espantoso, pois, nesses casos, temos demonstrações claras de que as pessoas ignoram a Verdadeira Vida e também os seus direitos como seres humanos, pois, o erro não está num pretenso indivíduo – indivíduos não existem -, mas sim, na atuação independente do pensamento e de ocultos seres do mal que usam o pensamento com seu ego-psicológico para dominar e escravizar os seres humanos.

Vinícius G A Guerra.

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