Em toda nossa vida já nos deparamos com pessoas
felizes, carinhosas, engraçadas, estressadas, ansiosas, hiperativas,
interessantes, tímidas e até mesmo nos deparamos com pessoas tristes. Nós já
fomos pessoas tristes. Ninguém é 100% do tempo feliz e cheio de amor para dar.
Mas jamais nos perguntamos se é possível morrer de tristeza. Afinal não há nada
na história da medicina, nem nos boletins policiais de que alguém faleceu de
tristeza. A tristeza não mata os órgãos, não apodrece como algumas doenças. Ela
é mais dolorida, mais lenta e sofrida que as demais dores, que as demais
mortes. Simplesmente, porque te faz vegetar, se tornar um peso na terra. Um
zumbi ambulante pela vida das pessoas. Faz você esquecer que ainda vive, que
ainda está na "Terra", que pode dar a volta por cima. Tira a vontade
de recomeçar. De virar a página, dar um novo fim àquela história, ou quem sabe
um novo começo. Te faz esquecer que ainda respira, que ainda fala, que ainda
anda.
Mas quem somos nós para falar da tristeza alheia?
Aliás, quem somos nós para julgar a tristeza alheia? Como é falar do que os
outros sentem, se não é na nossa pele, na nossa carne. Como saber a intensidade
daquele sofrimento, se não o estamos sentindo? Não sabemos o que aquela pessoa
viveu para sentir tal dor. E não sabemos até que ponto viverá sentindo tal dor.
Quem é que pode me dizer ao certo, o que existe dentro de mim? O que sinto? Se
estou feliz, ou triste, se não eu mesmo? Só eu, só você, só ela e ele sabem ao
certo o que se passa dentro da cabeça e do coração. O "morto" de
tristeza ainda está por aí. Vagando, andando, esperando para que o tempo cure
aquela ferida. Mas não sabe ao certo quantas doses de tempo terá que tomar para
que seja curado.
Quando não damos importância ao tempo, deixamos
que a tristeza se alastre, se espalhe pelo nosso corpo e mente. Lenta ou
rapidamente. Nos deixa inseguros. Nos causa depressão, loucura, raiva, nojo...
Também traz sintomas visíveis, como choro,
insônia, indisposição, gritos, cansaço...
São tantos os motivos que causam a insuportável
tristeza. Evitada por todos nós, ela nos invade sem percebermos, nos invade
quando não estamos preparados mental e fisicamente para tal dor. A notícia da
perda de um ente querido, aquele que se foi antes de uma despedida decente. Sem
aviso prévio. Aquele que você deu boas risadas e compartilhou bons momentos.
Também tem aquele amor antigo, aquele jurado
"forever and ever". Aquele amor que você achava que envelheceria ao
seu lado, de mãos dadas no balanço ou na mesa de jantar. Aquele que te ajudaria
a lavar louça. A arrumar a mala de viagem. Aquele que te deu broncas quando
voltou a fumar. Esse amor que tanto foi julgado e esperado eterno, se apagou
nas cinzas do tempo. E com ele veio ela. A tristeza anda ao lado de todos os
momentos, não controlamos como eles podem terminar, eles apenas terminam. E lá
vem a famosona, nos derrubando pouco a pouco. Como se fosse um resfriado. Nunca
esperamos por uma gripe num dia de verão.
E é claro... Não podemos esquecer em hipótese
alguma a tristeza de perder um amigo. Aquele fiel amigo que te carregou no seu
primeiro porre. Aquele que passou pasta de dente em você, enquanto dormia.
Aquele que contou com você em todos os momentos, e você igualmente. Aquele que
te abraçou forte e falou sem receio algum que te amava. Lembra? Lembra dessa
amizade? O sincero aperto de mão, o demorado e forte abraço em público. Essa
dor, essa perda é real. Acontece com todo mundo. Infelizmente... Se eu pudesse
pedir por algo, pediria morrer antes de todos os meus queridos, assim não
passaria pela dor e tristeza da perda. É egoísmo pensar assim, mas para mim a
tristeza nunca é bem vinda.
A tristeza é um sentimento tão superior ao amor.
O amor te dá asas, te deixa bobo e sem noção do que é real e fantasia. A tristeza
não, ela te coloca no mundo, corta suas asas e te faz ver que o mundo não é
perfeito e que as coisas às vezes não são como você gostaria que fossem. A
tristeza fica ao seu lado na vida e na morte. Você chora, eu choro, ele e ela
choram. Não por sermos ingênuos ou frágeis, mas por sermos seres humanos, de
carne e osso, por sermos reais. E não essa mentira vista na TV, de pessoas
lindas com pessoas lindas, de pessoas que vivem felizes para sempre, correndo
na praia ou num grande campo, que seja... a tristeza não é apagada com
dinheiro, joias, prêmios, carros. Não existe cura. Por mais que um dia você se
sinta feliz, esse vírus retorna. Te ataca, te derruba. Fazendo você voltar ao
mundo real. Colocando seus pés no chão. E quando você se der conta, já terá morrido
de tristeza.
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