É fácil estar grato quando tudo vai bem.
Com o trabalho progredindo, a família nos trilhos e, apesar de nem sempre como deveria ser, a vida segue sem grandes sobressaltos.
Estar grato na fartura, progresso, alegrias, só os tolos não são.
Mas estar grato é diferente de ser grato. Gratidão tem a ver com um estado de espírito.
É ter consciência que muitas vezes o bem tem cara de mal e o mal tem cara de bem e, por nem sempre poder discerni-los, sou grato. Então enxergo que tudo o que me acontece, em uma estação ou outra, produz bons frutos; são frutos da gratidão.
Ser grato não é agradecer por ter tudo o que gostaria. É perceber que, tendo ou deixando de ter, experimento exatamente o que preciso.
Não confunda gratidão com comodismo. Um luta, trabalha, faz planos, tem metas, mas não se abate por elas. Sabe que está indo à algum lugar e caminha com gratidão, independente do que aconteça. Outro senta, dorme, lamenta, se auto vitima como se o mundo conspirasse contra, como se nada valesse, como se nada pudesse. Ingrato!
Mude sua mente. Veja sob outra perspectiva e perceba que a ingratidão é fruto da unilateralidade de olhar.
Aceitar o desafio de expandir seus horizontes, enxergar as possibilidades, juntar as peças espalhadas pelo tempo nos abre uma incrível janela com vista privilegiada para o alinhavamento de cada situação, um dia chamadas de “boas” em outros de “más” , todas convergindo para o bem dos que, por gratidão, percebem.
É sempre uma questão de percepção.
A gratidão nos desentope de nós mesmos, nos tira do centro, desloca o eixo, nos ajuda a perceber os movimentos, deslocamentos, provisões, desvios, conexões, altos e baixos necessários para a construção de homens e mulheres de verdade, de caráter, atentos para as dinâmicas naturais e essenciais da vida.
Onde há harmonia, existe gratidão.
Onde há gratidão, ainda que nem tudo esteja parecido com o que considero ser ideal, há paz de espirito, discernimento e o entendimento que o significado das coisas sempre se vincula ao que habita meu coração.
Flavio Siqueira
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