Viktor Frankl, o psicanalista judeu, disse que o que o mantinha ele e seus companheiros vivos no campo de concentração era a lembrança de suas esposas. Saint Expuéry, vivendo uma experiência de estar perdido, sem água, depois que seu avião caiu no deserto, relata algo semelhante quando nota que a tentativa de evitar a dor dos que ficariam impediu que ele simplesmente deitasse em algum canto e “dormisse”, sem sofrimento, em paz.
Por mais que tenhamos o universo dentro de nós, tudo o que buscamos é o aconchego de um abraço, a acolhida de um amor sincero. Podemos até nos esquecer, afinal, quantas vezes a caminhada se torna ingrime, mas o fato é que nossos desejos complexos, nossas buscas profundas, nossas insistentes utopias, ainda que deem voltas e voltas, como uma bússola que aponta o norte magnético da terra, apontam para a necessidade humana mais simples, mais ingênua, presente em cada coração que busca o outro e, nele, se enxerga.
É por isso que perto da morte gente como Viktor Frankl, Saint Exupéry e tantos outros descobrem que, quando tudo se perde, as máscaras, as desculpas, as miragens que acreditávamos serem reais simplesmente desaparecem e o que fica é o que é: os vínculos, os amores, os abraços, o chão sobre o qual sempre pisávamos, mas, distraídos, projetávamos nossas busca em vacuidades
Sim, somos maquetes do universo. Nosso corpo é algo fantástico, feito de estrelas, abrigo de uma consciência vinculada a tudo o que existe, capaz de amar, de transcender a si mesmo, de ir mais longe do que imagina, no entanto, o mais belo não é nosso “poder”, muito menos nossa inteligência ou capacidade de articular informações.
Cada consciência aumenta quando se vincula. Quando, em amor, se conecta com o outro e, sem dependências, mas em liberdade, aprende que nosso caminho não é feito de “coisas”, nem de letras, nem de nada que não tenha a ver com gente; humanos que se conectam em amor, identificando-se de algum jeito, ajudando uns aos outros a projetarem significado à vida, e a morte também.
Flavio Siqueira
"o amor é a única maneira de entender um outro ser humano, no núcleo mais íntimo de sua personalidade"
Viktor Frankl.
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