Senti chegares
como foco negro numa abóbada luminosa,
silencioso mas célere,
invisível mas cruel,
estúpido e sem graça!
Senti chegares
sem conseguir evitar a tua chegada,
apesar de ter lutado,
apesar de ter evitado
abrir as portas que dão acesso
à transparência dos meus sentidos!
Porque vieste?
porque voltaste a atormentar-me?
Que razões encontraste?
Que despojos pretendes de mim?
Senti chegares
e apoderares-te do meu vulnerável interior
para o lançares às sementes vis
que na insidia me ofereces,
qual verme que rói, corrói e apodrece o fruto!
Senti chegares
e ficares a sorrir da minha fraqueza
em te deixar dominar os meus gestos,
como uma simples marioneta,
sentindo-me fugir de mim próprio!
Senti chegares
e trazeres contigo o gosto mortal
de um cálice com vinho envenenado
que eu pretendo nunca beber,
por muitas mais vezes que mo ofereças,
nas muitas mais vezes
que vou sentir-te chegar
sem que vá conseguir, eu sei,
a tua chegada evitar!
Senti chegares
queimando como lume,
querendo devorar-me a alma,
ciúme!
Vitor.C
Postado G+ por: Leni Conti
Postado G+ por: Leni Conti
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