Minha história de mãe da Terra se
entrelaçou com a história de uma pequena luz que veio nos fazer uma visita
breve, partindo alguns dias após nascer. Minha menina tão linda, gerada com
tanto amor dentro de meu ventre não resistiu às singularidades deste mundo e
passou feito passarinho pelos céus de nossos olhos lacrimejados de tristeza.
É impossível descrever a dor que
rugiu de minha alma e entendo que a mesma devia ser sentida e chorada com
veemência a cada semana posterior de sua partida. Meu conforto foi atirar-me
nos braços da fé, buscando consolo em algo maior e no amor da família.
Arranquei forças de dentro de mim que não imaginava existir, para verter
lágrimas em sorrisos de querer bem e gratidão a Deus.
Sim, Ele havia me presenteado! Um
dia, num passado não tão distante fiz alguns combinados, sabia das escolhas que
havia feito com cada uma das pessoas que passaram por mim e que estão comigo,
por certo não me lembrava, até que minha pequenina veio para me ensinar e
mostrar o caminho. Com a “perda” também se ganha…
Aos poucos a dor foi se
dissipando, as emoções foram dando lugar a paz e as orações passaram a
confortar nossos corações humanamente egoístas e cansados da matéria que nos é
útil nesse plano, mas que por vezes nos pesa tanto. Sabemos que cada minuto de
nossa jornada é precioso demais e deve ser vivido com entusiasmo, por isso,
sejamos felizes! Minha pequena luz foi uma das melhores educadoras que já tive
nessa vida, mostrou-me que a evolução da alma está na disposição de aprender e
ensinar com a humildade de uma criança, com a troca de gerar e deixar ir,
resignar, voar.
A vida é algo inexplicável! Foi
voltando de mansinho a pulsar em nossas veias dia após dia, nossos filhos
sabiamente voltaram a sorrir e correr pela casa e nosso sofrimento se estancou
através do labor e do carinho de sermos todos unidos pela esperança de um dia
desses nos reencontrarmos no caminho de luz que já está sendo trilhado por
muitos. As lembranças de uma pequenina que cruzou nossos singelos mundos de
mãe, pai, irmãos, avós, tios(as) ficarão para sempre registrados em nossas
memórias. Não há de sentir culpa, raiva, mágoa por causa da morte.
Nada que nos faça estagnar no
caos de sentimentos irracionais que não nos permite crescer e evoluir através
do lado positivo das situações que a vida e por consequência a morte da matéria
nos apresenta. A vida é construída através de nossas falas, gestos e
pensamentos de amor para conosco e para com nosso próximo e a passagem de cada
um de nós é a única garantia que realmente temos.
O que vai ser do futuro? Pergunta
tola a minha!
Passei nove meses esperando o
futuro e deixei de aproveitar mais e melhor o que era meu presente…
Por isso, aproveitem seus filhos
do jeito que eles são, ame-os mesmo que distantes de ti, ame-os mesmo que não
sejam como você idealizou, instrua-os para serem pessoas felizes e de bem,
aproveitem cada momento com cada um de seus filhos, compartilhem com eles as
experiências da vida, criem seus filhos com carinho e entusiasmo, estreitem os
laços fraternais, respeitem seu desenvolvimento, suas dificuldades e elogiem
seus acertos, não os protejam em demasia, mostrem os limites com clareza e
tranquilidade, acompanhem cada fase, cada passo, cada letra, cada amigo, cada
livro, cada amor… Não importa se viverão 9 meses e 3 dias ou 93 anos. Vivenciem
seus filhos e os deixem partir quando tiverem de ir… E ao partirem, que as
lágrimas caídas sejam de puro e verdadeiro amor.
Muita paz à todas as mães que
deram a luz para luzes que hoje brilham aqui na Terra ou em algum lugar
especial.
TPirituba (SP), 5 de Maio de
2009.
Essa carta escrevi alguns meses
após a passagem de minha filha Julia. Que ela esteja em paz, junto aos nossos
irmãos de luz.
Autor desconhecido
Nenhum comentário:
Postar um comentário