Sempre que está, nasce um lugar. Não haverá espaço, nem abrigo, nem descanso onde não há presença. Nada existe onde não estou.
Sou eu que preencho o tempo e projeto consciência ao vazio. O mundo inteiro é vazio até que uma consciência o preencha, até que olhos enxerguem e então faz-se luz.
Assim os espaços são ocupados. Não são corpos, mas presenças. Não são aglomerados de gente, mas humanos, sonolentos humanos que aos poucos percebem. Antes não estavam. Eram corpos. Em consciência, estão.
Como o véu escuro que cobre as cidades. Noite nublada, sem estrelas, sem abrigo para lua, sem espaço para o céu. Os ventos limpam o cenário e retomam a beleza. Agora o brilho, as luzes, presença.
Como quem observa o mar a noite. Sem vida. Sem movimento. Gelado. Lá adiante um pequeno barco. Um homem rema solitariamente. A luz fraca de sua lanterna indica que no meio daquele mundo há espaço. Consciência se faz presente. As trevas sumiram naquele ponto.
Nem tudo é vazio, há gente, há vida, há presença. Sempre que está, nasce um lugar.
Flavio Siqueira
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