Sinceramente acredito na simplicidade. Podemos adquirir conhecimento em livros, nos tornarmos intelectuais, acumularmos informações, virarmos mestres, phds, especialistas, mas isso não é sabedoria.
Ser sábio é ser simples. É olhar para os maiores mistérios do universo, enxergar a complexidade da vida e perceber que tudo se vincula ao simples, que há níveis e níveis de compreensão onde não cabem palavras e qualquer tentativa de definição será um exercício de reducionismo.
Simplicidade tem a ver com nossa capacidade de processar interiormente, em gratidão, aquilo que intelectualmente nem sempre é passível de explicação, mas no entanto se relaciona com algum ponto de nossa consciência que se ilumina quando vê, quando percebe, quando se conecta, quando se aquieta e vive no hoje.
Você pode se impressionar com doutrinas bem construídas, grupos impecavelmente organizados, métodos, sistemas, fórmulas que garantem evolução espiritual, mas nada disso tem valor real, nada saciará sua interioridade a não ser que você esteja atento, extraindo do cotidiano, da simplicidade de olhar, tesouros que não cabem em nenhum lugar a não ser dentro.
Você se esforça para evoluir, se angustia, lê todos os “manuais” de iluminação. Desocupe-se disso. Não estou dizendo para deixar de ler, eu mesmo sou um amante da leitura, faz muito bem a alma, mas a leitura não iluminará absolutamente nada se seu entendimento em relação ao que lê não estiver conectado ao que experimenta como humano, em suas relações, nas situações que enfrenta no dia a dia.
Desocupemos sem medo. Livre-se do “conhecimento”, da carga de letras, do muro de ideias que impedem a passagem do sol. Volte ao estágio da pureza da criança que simplesmente vê, que não julga, que experimenta nas pedrinhas do parque, nos galhos que caíram da árvore, na areia da praia, no sorvete de morango, no abraço do pai, no colo da mãe, na corrida com o cachorro, na água gelada da piscina, no doce da vovó, no passeio no fim de semana, no cuidado de quem ama, em simplicidade, sem explicações teóricas, as maiores verdades, o caminho para nos tornarmos humanos de novo.
Simples, sábios, sem nenhuma pretensão em ser mais do que homens e mulheres pacificados e felizes. O que passar disso é sobrecarga desnecessária.
Flavio Siqueira
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