Como prometi, começa aqui a primeira página do livro da minha vida: O MUNDO INVISÍVEL DE UMA MULHER.
Espero me fazer entender, talvez quando tudo isso estiver acabado, eu não tenha mais motivos para ter uma vida virtual e até mesmo o blog e seja a hora de sair de cena... sinceramente não sei... eu ainda a estou escrevendo...
Precisarei voltar
ao tempo para que entenda a minha história, principalmente o que
diz respeito a minha fé, a ser quem sou e as descobertas que
surgem a cada momento que as vendas dos meus olhos são
retiradas...
Não sou escritora
e nunca tive pretensão em ser, o que me levou a segurar esta
caneta é algo muito mais forte que eu, não me prenderei a
detalhes e na verdade não sei nem por onde começar... Apenas que
preciso fazer. Os nossos caminhos nos levam a viver situações e
as mesmas vão nos fazendo buscar forças... Enfim aqui começa.
Sou contadora,
sempre tive mais intimidade com os números, as palavras nunca
foram meu forte... Cheguei a imaginar que Ciências Contábeis
fosse uma ciência exata, me assustei quando descobri que não
era, e sim humanas, foi de fato um susto, mas não o bastante
para me fazer desistir. (risos)
Estudei em escolas
públicas, por minha opção, não quis dar mais uma despesa ao meu
pai, que já pagava escola pra quatro. No primeiro ano básico
teria que escolher o curso científico que iria me preparar para
um vestibular, ou um curso técnico, e mais uma vez optei pelo o
curso técnico, pois era o que a escola pública oferecia,
passando a estudar a noite, adivinhem? Sim, Contabilidade.
Também eu já tinha uma irmã que já estava na Universidade e ela
fazia Ciências Contábeis, eu a admirava muito, e acredito que
isso também influenciou a minha escolha Sempre gostei de
estudar, nunca fiz recuperação, apesar de que algumas matérias
me davam muito trabalho, eu não via os números nelas.
Finalizando o terceiro ano do segundo grau, eu precisava ter
pelo menos noção de algumas disciplinas, passei a fazer um
cursinho pré-vestibular, extensivo, com seis meses queria saber
como era, conhecer a prova tão temida e me inscrevi para prestar
o vestibular, e por incrível que pareça, faltavam ainda seis
meses para estar preparada, mas passei, e não foi sorte ou
capacidade como muitos pensaram... Por que estou contando isso?
Porque hoje entendo que o que eu falava fazia todo o sentido.
Quando as pessoas vinham me dar parabéns, eu respondia, não fui
eu, foi o meu Pai, dessa vez me referindo ao Nosso Pai, pois eu
sabia que não era um mérito meu, fui escolhida a dedo e
empurrada para dentro da UEFS – Universidade Estadual de Feira
de Santana, uma prova concorrida, uma universidade pública e eu
lá, fazendo parte deste novo mundo, eu tinha que ter no mínimo a
humildade de reconhecer que de fato não era um mérito meu.
No Primeiro
semestre correu tudo bem, como disse nunca fiz uma recuperação,
mas a minha timidez me fez atrasar o curso, quando conheci no
segundo semestre o meu professor de Contabilidade Comercial I –
a forma como ele conduzia a aula não me agradava muito, teríamos
que fazer um trabalho, mas independente do nosso desempenho, a
nossa nota seria baseada na apresentação do mesmo, todos da
equipe teriam que falar, não vi outra saída, abandonei, nem
passou em minha cabeça em trancar a disciplina, apenas
abandonei, fiquei muito chateada com as exigências, (risos) para
minha timidez aquilo era um afronto, aquilo era demais.
Penúltimo
semestre, sofremos um assalto dentro do ônibus, voltando para
casa em torno das 23 horas, último ônibus, o engraçado é que às
vezes tínhamos aulas que ultrapassavam este horário, chamada
noite do sufoco, como voltar para casa? Mas Deus na sua
misericórdia sempre dava um jeitinho, acabávamos arrumando uma
carona. Nesta época tinha uma amiga inseparável e costumávamos
passar por essas juntas. Para não desistir do curso, afinal de
contas faltava só mais um semestre para acabar, resolvemos pedir
ao namorado dela para ir nos buscar e ajudávamos com o
combustível, o campus universitário era distante.
No ano de 1992 concluindo o curso, o meu pai falece, no dia
03/03/1992, câncer.
Não quis e nem
tinha como participar das comemorações, mas não tive como fugir
da entrega do diploma, eu fui obrigada a participar e não seria
novidade dizer que foi um dos dias mais tristes da minha vida.
Toda a minha luta, os meus sonhos, o motivo que me levou a
chegar aonde cheguei já não se encontrava mais... Tudo bem Rosa,
você ainda tem sua mãe e ela merece essa alegria, sei lá, acho
que deve ter sido isso que passou em minha cabeça para esperar
até o final e não sair correndo dali...
Minha adolescência
foi como a de muitos, diferenciava apenas porque eu tinha outra
amiga inseparável, não que eu quisesse, mas ela fazia questão de
caminhar ao meu lado, a famosa depressão... Não gostava dela e
estava disposta a não deixa-la envelhecer comigo. Uma amizade
difícil de ser interrompida, mas consegui caminhar ao seu lado
por um bom tempo, sem maiores problemas.
Sempre achei que
não sou deste mundo, e a saudade e vontade de voltar para casa
era tão grande, mas eu sabia que a passagem me custaria muito
caro e eu não estava preparada para pagar, como até hoje, não
estou.
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