sábado, 25 de outubro de 2014

Nosso amor transcende...


Infeliz daquele que passa por a vida sem conhecer esse sentimento... não viveu... não importa se doí... se teu amor fez a viagem primeiro que você.... o que importa é que você conseguiu enxergar a vida com todas as cores que ela tem.... e só existe essa maneira de enxergar... amando


Rosa Soares

Vídeo de Lu Carvalho.

As vezes não entendo as pessoas...


As vezes não entendo as pessoas...
Suas ignorâncias...
Falta de caráter, personalidade, coragem de falar o que pensa, equilíbrio, inteligência, lógica... ou...
Excesso de covardia, maldade...burrice...crueldade...
Um dos maiores defeitos dessas criaturas com suas faltas e excessos é achar que são espertos... 
O sentimento que mais evito, é a pena (dó), mas alguns insistem em despertar isso em nós.... 
Tenho dó de você que não consegue enxergar com os olhos da alma...
Cuidado... nem tudo é o que parece ser...



Rosa Soares



Fica a dica...Mais um motivo pra não se importar com o que as pessoas dizem...

“As pessoas admiram suas qualidades em silêncio, e julgam seus defeitos em voz alta.” Parece só mais uma frase de efeito, mas, no fundo, essa frase demonstra uma correspondência assustadora com a realidade.
É que a crueldade com que as pessoas costumam julgar umas às outras é o que me faz achar metade do mundo uma droga – e é do que você deve se lembrar da próxima vez em que pensar em se importar com os comentários negativos que fizerem ao seu respeito: as pessoas são cruéis.
Não todas, calma lá. Esta que vos fala gosta de blues, de café e de gente – até demais. Porque existe gente boa. Gente com energia boa, com palavras doces, com gestos bonitos e ataques de gentileza que fazem do mundo um lugar minimamente adequado pra se viver.
Mas, como nem tudo são flores, há as pessoas que tentam te diminuir quando você cresce. As que elogiam seus pontos fracos para que você não evolua. Que mascaram seus defeitos para que você não preste atenção neles – como se isto fosse possível – mas os superestimam na sua ausência, os gritam para o mundo. Os acendem com luz neon para que todos vejam o quanto eles são terríveis, enquanto te diz, com um sorriso falso no rosto, que tudo vai bem. Que você não precisa se preocupar. Você não precisa se esforçar. Você não precisa crescer. É preciso aceitar: há pessoas que simplesmente não querem o seu progresso.
Há outras que podem até querer te ver bem, mas não melhor do que elas. E com essas pessoas você precisa ter cuidado.  Você deve se blindar – se vestir de autoconfiança. A autoconfiança, aliás, é um escudo e tanto: é o que te faz feliz com você mesmo, consciente dos seus defeitos e disposto a superá-los, quando possível, e, quando não, aceita-los.
Para essas pessoas, a tristeza alheia é alimento. As palavras são armas letais que vão em cheio na felicidade dos distraídos – por isso, não se distraia. Não aceite críticas cruéis ou falsos abraços. O que não é verdadeiro, não acrescenta e não faz falta. Não ocupe espaço com o que te suga energia, sorriso, vontade.
Essas pessoas são dignas da mais pura compaixão – porque elas precisam que o outro caia para que permaneçam de pé. Em vez de evoluir, elas ocupam seu tempo em testemunhar a desgraça alheia, para criarem uma ilusão de superioridade. Porque, sozinhas, elas não se valem.
Porque há pessoas que criticam aquilo que mais gostariam de possuir. Que maldizem em pensamento e sorriem, cheias de dentes. Pessoas que definham ao testemunharem a felicidade de outrem. Faça – as definhar. Responda com um sorriso tão cheio de luz que seja capaz de encandear olhos acostumados com a escuridão. Porque luz própria é coisa que não se compra.
A parte boa disso tudo é você pode escolher. É que existe o outro lado. Existe a luz e a escuridão. A doçura e a crueldade, o ódio disfarçado de sorriso e o amor que transborda pelos olhos. Existem dois caminhos antagônicos sempre abertos, e você escolhe, diariamente, qual deles quer seguir. Você escolhe a cada abraço, a cada tropeço, a cada oportunidade que a vida te dá de acordar e fazer diferente.
A nossa felicidade depende, em grande parte, das relações que construímos ao longo da vida. Escolha as pessoas que te abraçam e deixam aquela sensação de banho tomado, de alma lavada, de carinho no coração. O mal passará por você o tempo todo, mas sempre dá pra desviar.
Não revide falsidade com mais falsidade. Não deixe que o mal que há nas pessoas transforme o bem que há em você – porque nós somos os responsáveis por quem somos, e quando você assume essa responsabilidade, você entende o que é ser feliz – independente do mal olhado e do mal pensado – você aprende a ser feliz.
Nathalí Macedo

A porta que nos separa....


A porta que nos separa ela é densa...imperceptível... mas está lá....
A porta que nos separa nos faz sofrer, ela divide nossos mundos....
O meu mundo de verdades, amor, entrega, doação, prazer... o teu... eu não conheço a porta não me deixa enxergar, não me deixa passar e nem te conhecer....
A porta que nos separa, não precisaria existir, mas você fez questão de construí-la...
A porta que nos separa, me faz parar no tempo...
Me cega a felicidade....
Me faz pensar...
A porta que nos separa tem um nome...
Confiança!

Rosa Soares 

Sejamos adultos

Enquanto os ânimos acirram, enquanto gente se desentende por conta de políticos com suas velhas práticas políticas, é bom lembrar que:
- Não há santos nessa ou qualquer outra eleição. Trata-se sempre da disputa de interesses, projetos de poder que trabalham em causa própria e usam o povo, os gráficos, os números, índices e o que mais estiver ao alcance (qualquer coisa) em benefício de seus grupos. Aceitar o discurso do “nós” contra “eles” promovido pelos políticos é desconsiderar que, dependendo dos interesses, “eles” juntam-se a “nós” e “nós” juntam-se a “eles” sem o menor constrangimento; “metamorfose ambulante” é o que são. Quem fica de fora é sempre o povo. O povo que briga por “nós” e batalha por “eles”.
- Por mais que a política tenha se tornado um completo pântano tenebroso, somos seres da “polis”, políticos por vivermos em sociedade, por entendermos que o diálogo e a colaboração é o melhor sistema para viver em grupo. Sendo assim, que a consciência política aflore apartidariamente, que seja prática do dia a dia, no respeito ao próximo, no cuidado com as cidades, a observância das leis, na prática da justiça e do bom senso. Uma sociedade que pratica política entre os cidadãos necessariamente repercutirá na política partidária que, no fim das contas, reflete o povo que somos.
- Esperar ou crer que há salvadores da pátria entre políticos me parece extrema demonstração de ingenuidade. Não há, nunca houve e creio que jamais haverá. Ninguém chega ao cargo máximo do executivo sem concessões discutíveis, sem barganhas, sem interesses secretos, caso contrário teria ficado pelo meio do caminho, achatado pelas forças ocultas que legitimam as regras do jogo. Portanto, ao invés de prestar-se a fazer campanhas eleitorais para quem quer que seja, ocupe-se em ser o que espera que os políticos sejam. Seja a mudança que espera que eles promovam, influencie positivamente aonde pode influenciar e trabalhe pelas causas justas do dia a dia.
- Vote de acordo com sua consciência. Não se deixe levar por promessas, nem por manipulações de números e gráficos, muito menos pelo discurso do nós “pobres” contra eles “ricos”. Não pode ser pelo ódio, nem pelo medo, mas pela consciência do que é melhor, ou menos pior.
O sistema político reflete o povo que o elege, de modo que toda mudança começa por cada individuo, por suas escolhas no dia a dia, por seu posicionamento pessoal. Tudo o que vem depois é apenas consequência disso. Lembre-se: Não há santos, nem heróis, nem mártires, entre os políticos.
Sejamos adultos, paremos com as briguinhas, caminhemos em consciência.

Flavio Siqueira

Segunda Vida

Durante a entrega do prestigioso Man Booker Prize no dia 14, o presidente do júri, Anthony Grayling, lembrou que os dois grandes temas da literatura são o amor e a guerra. Andei tratando, neste espaço, da representação do mal. Agora, queria mudar o foco para o outro tema e falar de amor a partir de um pequeno texto de quem abordou, sobretudo, a guerra, a revolução, a política: André Gorz. Filósofo, jornalista e editor das importantes revistas "Les Temps Modernes" e "Le Nouvel Observateur", foi, ao lado de Jean-Paul Sartre, um dos principais inspiradores de Maio de 68. Marxista, existencialista e, mais tarde, mentor da ecologia política, escreveu inúmeros livros e ensaios que influenciaram intelectuais do mundo.

Gorz só não falou de amor na sua obra "pois é impossível explicar filosoficamente por que amamos e queremos ser amados por determinada pessoa, excluindo todas as outras". Acabou deixando o tema para o fim, para a "Carta a D.", publicada em 2006, na qual ele relata sua história ao lado de Dorine, a única mulher que poderia ter amado. Juntos, eles se suicidaram no dia 22 de setembro de 2007, quando a vida se tornou insustentável para ela, que sofria de uma aracnoidite resultante do lipiodol injetado na operação de uma hérnia de disco.

Durante anos, Dorine sofreu de terríveis dores, não conseguia deitar de tanto que a cabeça a fazia sofrer, passava as noites de pé ou sentada numa poltrona. "Eu queria acreditar que nós tínhamos tudo em comum, mas você estava sozinha na sua aflição", afirmou Gorz, que não desejava sobreviver à sua morte. Mataram-se juntos porque, depois de 60 anos de relacionamento, não sabiam como existir sem o outro.

Antes de partir, ele quis deixar para a posteridade o sentimento que o guiou em cada gesto seu, cada livro, cada teoria. Quis falar abertamente da mulher sem a qual não teria feito nada do que fez. Se, ao longo de uma carreira tão importante e reconhecida Gorz nunca abordou o amor, foi porque nele "estamos aquém e além da filosofia". Era preciso então se aproximar de uma narrativa mais íntima - e também mais literária - para fazê-lo emergir no papel.

A certa altura, na carta, ele diz que amar e ser correspondido, estar completamente apaixonado "era aparentemente banal demais, e privado demais, 'comum' demais: não era uma matéria apropriada para me fazer atingir o universal". Para falar de algo tão pessoal, a carta lhe pareceu a escrita possível. E para tornar universal essa intimidade, para eternizar a mulher amada, publicá-la era o gesto certo. O mesmo gesto que ele afirma ter mudado a sua vida em 1958 com a publicação de "Le Traître", que lhe conferiu um lugar no mundo. A "Carta a D.", 50 anos depois, daria realidade ao seu amor.

Às vezes, quanto mais pessoal, mais universal. O que ele não conseguia formular com teorias formulou com a própria história, desde o dia em que se conheceram - e ele não imaginava que aquela mulher linda e da alta sociedade fosse se interessar por um judeu austríaco sem um tostão - até os anos passados no campo. Em diversas passagens, afirma que Dorine era mais madura do que ele, que ia se desenvolvendo sem "essas próteses psíquicas que são as doutrinas teóricas e os sistemas de pensamento", enquanto ele precisava disso para se situar no mundo intelectual. O filósofo precisou percorrer um longo caminho para chegar ao mais essencial e, finalmente, poder falar de amor. Do amor deles.

Lembrei-me de Kafka e suas cartas a Felícia enquanto lia o texto de André Gorz. Kafka quase não mencionava o amor em suas narrativas ficcionais e terminou por deixar esse assunto "banal" para a correspondência. Fiquei me perguntando se não fala de amor quem ama pouco ou quem ama demais? Por que excluir da obra principal, canônica, e deixar para a obra considerada marginal, já que íntima, esse sentimento que nenhuma filosofia explica?

Gilles Deleuze e Félix Guattari, no livro "Kafka: Por Uma Literatura Menor", concebem as cartas desse escritor como uma espécie de pacto diabólico. Kafka se apaixona por uma mulher que viu apenas uma única vez e, sem poder reencontrá-la, escreve-lhe uma tonelada de cartas. Nesse sentido, Felícia seria mais uma cúmplice da escrita do que uma destinatária. Eis o pacto diabólico: exigir que ela lhe escreva duas vezes por dia, para justificar as respostas. O encontro constantemente adiado permite a máquina de escrita. O amor não existe como ato consumado e sim como motor epistolar. Kafka tem horror à ideia de casamento, mas, vampiro, suga de Felícia o que precisa para manter o fluxo das cartas.

Com Gorz acontece o oposto, embora ele também despreze a conjugalidade e evite a todo custo assumir um compromisso civil que, segundo ele, nada tem a ver com aquilo que une um homem e uma mulher. No entanto, Dorine deixa claro: sem o pacto para a vida inteira, prefere deixá-lo. Dá-lhe um mês para pensar, e ele percebe que se "fosse incapaz de amá-la de verdade, nunca poderia amar ninguém". Ela parte em viagem logo depois, e ele lhe escreve todos os dias.

Não são essas as cartas que lemos, mas certamente foram essas que asseguraram em D. a vontade de levar adiante aquela história. Ao contrário de Kafka, Gorz se aproxima fisicamente da amada. Enquanto o primeiro só viveu o amor de forma epistolar, o segundo viveu um amor realizado. Em outras palavras, o amor, em Kafka, só existia na forma de uma correspondência. Em Gorz, a carta surge depois, apenas para mostrar ao mundo que ele não seria quem era sem Dorine. Um vampiro, também, mas um vampiro que compartilhou a vida com seu único amor de verdade.

De forma carinhosa, o remetente vai lembrando à destinatária os primeiros momentos juntos, quando D. tinha acabado de chegar da Inglaterra. O que o cativava era o fato de ela pertencer a outro mundo. Um mundo que o encantava, no qual podia entrar "sem obrigações nem pertencimento". "Com você, eu estava em outro lugar; um lugar estrangeiro, estrangeiro a mim mesmo", afirma. Sem dúvida, a alteridade está no cerne desse amor. Com D., A. falava inglês, construía "um mundo protegido e protetor". Ele queria saber tudo dela, sua infância perturbada, sua solidão, seus medos. Ela lhe dava a possibilidade de escapar de si mesmo e se instalar num outro lugar. "Com você, eu podia deixar de férias a minha realidade", anuncia o escritor. Mas não só. Com Dorine, a realidade de André Gorz se tornava mais leve, sobretudo nos momentos de penúria dos anos 50. Ele encontraria conforto toda vez que ela repetisse: sua vida é escrever; então escreva.

Mais do que cumplicidade, mais do que comunhão, a relação de A. e D. parece ter sido uma verdadeira experiência de alteridade. Tão forte, tão potente, que ele só conseguiu abordá-la aos 83 anos, quando ela, prestes a fazer 82, estava 6 cm mais baixa, pesava 45 kg e continuava "bela, graciosa, desejável". Atormentado pela chegada do fim, ele se põe a pensar por que ela está tão pouco presente no que escreveu, se essa união é a coisa mais importante da sua vida? Por que passou uma imagem falsa dela em "Le Traître"? Por que a apresentou como uma coitadinha? É para responder a essas perguntas que ele decide elaborar a carta. "Preciso reconstruir a história do nosso amor para apreender todo o seu significado", diz.

Finalmente, em seu último - e belíssimo - texto, conseguiu falar do que sempre lhe parecera inefável. Nomeá-lo, explicitá-lo, um risco que André Gorz evitou a todo custo até o instante final, como se não pudesse falar de amor e permanecer vivo. Diante da morte iminente, a carta seria a derradeira possibilidade de prorrogação, a única forma de anunciar que, "se tivéssemos uma segunda vida, iríamos querer passá-la juntos".

Tatiana Salem Levy