quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A vida é uma escravidão?


1 Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como os de um assalariado?
2 Como o escravo suspira pela sombra, como o assalariado aguarda o pagamento,
3 assim tive por ganho meses de decepção, e o que computei foram noites de sofrimento.
4 Apenas me deito, digo: Quando irei levantar-me? E então, espero novamente a tarde e me encho de sofrimentos até ao anoitecer.
5 Meu corpo cobre-se de pus e de feridas, a pele rompe-se e supura.
6 Meus dias correm mais rápido que a lançadeira e se consomem, tendo acabado o fio.
7 Lembra-te de que minha vida é apenas vento, e meus olhos não voltarão a ver a felicidade!
8 O olhar de quem me via, não mais me verá; teus olhos vão procurar-me, e não estarei mais aí.
9 Como a nuvem se desfaz e passa, assim quem desce ao mundo dos mortos, dali jamais subirá:
10 não voltará jamais à sua casa, sua morada não mais o verá.
11 Por isso, não vou controlar minha língua; com o espírito angustiado falarei, com a alma amargurada me queixarei.
12 ACASO SOU UM MONSTRO?
Acaso sou eu o mar ou um monstro marinho, para que me mantenhas sob custódia?
13 Se eu disser: ‘Meu leito me consolará, e minha cama aliviará a minha queixa’,
14 então me assustas com sonhos e me aterrorizas com pesadelos.
15 Por isso, minha alma preferiria a forca e meus ossos, a morte.
16 Perdi a esperança; absolutamente, não quero mais viver. Tem pena de mim, pois um sopro são meus dias!
17 Afinal, que é o ser humano, para lhe dares tanta importância? por que se ocupa dele teu coração?
18 Já pela manhã o vigias e a cada momento o pões à prova.
19 Até quando não tirarás os olhos de mim, e não me deixas nem engolir a saliva?
20 Se pequei, o que foi que te fiz, ó espião da humanidade? Por que me tomas por alvo, a ponto de eu tornar-me um peso para mim mesmo?
21 Por que não tiras o meu pecado e não retiras a minha iniqüidade? Olha, vou agora adormecer no pó; se me procurares pela manhã, já não existirei”.

Comentário devocional:

 Jó diz que assim como um servo que trabalha ao sol anseia pela noite de descanso, o sono da morte é precedido por meses e anos de trabalho e noites de cansaço (verso 3).

Parece que não há esperança de recuperação para Jó (v. 6). Com a proximidade da morte, a vida é  apenas um sopro que se vai, seus olhos talvez nunca mais vejam o bem novamente (v. 7). Ele afirma que a pessoa que morre não assumirá novamente a sua vida (v. 8). Esta pessoa nunca mais retornará à sua casa (v. 9,10). 

 Jó se recusa a se calar e insiste em falar de sua angústia e amargura (v. 11). À noite, dores nos ossos e sonhos vem assustá-lo (versos 13-16). Ele não quer viver para sempre sofrendo desta maneira (v. 16). Ele odeia a vida; os “seus dias são sem sentido” (NVI).

Jó sabe que Deus vigia de perto a todos os homens e se pergunta se a continuação do seu sofrimento significa que ele está pecando contra aquEle que lhe guarda, embora ele não tenha conhecimento de qualquer pecado em sua vida (v. 20). 

 Jó tem a impressão de que está sendo alvo de castigos divinos e deseja que Deus lhe conceda uma visão do porquê ele sofre em uma situação próxima da morte e o perdoe por qualquer transgressão. Ele sente que, se ele morresse e fosse sepultado, nem Deus, nem ninguém,  o poderiam encontrar, pois deixaria de existir (v. 21). 

Apesar disso, como ficará claro ao longo do livro, Jó percebe que Deus conhece exatamente como cada ser humano é formado  e  pode recriar o que deixou de existir.

 Querido Deus, sabemos que tudo o que sofremos acontece como consequência das ações de Satanás e que, abraçados a Ti, encontraremos um propósito mais elevado para o nosso sofrimento. Não há alegria de contemplar a dor, mas ela mostra o maldade de Satanás sobre nossa espécie. Nós oramos que, aconteça o que acontecer, permaneças sempre conosco. Amém.

 Koot van Wyk

Kyungpook National University


Sangju, Coreia do Sul