sábado, 3 de janeiro de 2015

Homem mortal, cante um cântico fúnebre para Tiro


Cântico fúnebre para Tiro
1 O Senhor me disse o seguinte: 2 — Homem mortal, cante um cântico fúnebre para Tiro, 3 aquela cidade que fica à beira do mar e faz comércio com todos os povos que vivem no litoral. Diga que o Senhor Deus está dizendo isto: “Tiro, você se orgulhava da sua beleza perfeita. 4 O mar é o seu lar. Os seus construtores a fizeram parecida com um belo navio. 5 Na construção, usaram pinho do monte Hermom e para o mastro usaram um cedro do Líbano. 6 Pegaram carvalho de Basã para fazer os remos. Fizeram o seu convés de pinho de Chipre e o enfeitaram com marfim. 7 As suas velas eram de linho bordado do Egito, velas reconhecidas de longe. Os seus toldos eram de tecido fino, de púrpura da ilha de Chipre.
8 Ó Tiro, os seus marinheiros eram os seus próprios homens experientes, e os seus remadores eram das cidades de Sidom e de Arvade. 9 Os carpinteiros do navio eram homens de Biblos, bem preparados. Marinheiros de todos os navios do mar faziam negócios nas suas lojas.” 10 — Soldados da Pérsia, Lídia e Líbia serviam no seu exército. Eles penduravam os seus escudos e capacetes nas suas barracas. Eles conquistaram a glória para você. 11 Soldados de Arvade ficavam de guarda nas suas muralhas, e homens de Gamade guardavam as suas torres. Eles penduravam os escudos nas suas paredes. Foram estes que fizeram com que você ficasse bonita. 12 — Você fazia negócios na Espanha e em troca das suas muitas mercadorias você recebia prata, ferro, estanho e chumbo. 13 Você fazia negócios na Grécia, Tubal e Meseque e trocava as suas mercadorias por escravos e objetos de bronze. 14 Você trocava as suas mercadorias por cavalos comuns, por cavalos de guerra e por mulas de Bete-Togarma. 15 A gente de Rodes negociava com você. Em troca dos seus artigos, moradores de muitas terras do litoral davam a você marfim e madeira de ébano. 16 O povo da Síria comprava os seus muitos produtos e as suas mercadorias. Em troca das suas mercadorias, eles davam esmeraldas, tecidos de púrpura, bordados, linho fino, corais e rubis. 17 Judá e Israel pagavam as suas mercadorias com trigo de Minite, mel, azeite e especiarias. 18 Damasco negociava com você e em troca dos seus muitos produtos dava vinho de Helbom e lã de Saar. 19 De Uzal traziam para você vinho, ferro trabalhado e especiarias, que trocavam pelos seus artigos. 20 Em troca dos seus produtos, o povo de Dedã oferecia mantas para cavalo. 21 Os árabes e as autoridades de Quedar pagavam as suas mercadorias com carneirinhos, carneiros e bodes. 22 Em troca das suas mercadorias, os negociantes de Sabá e Ramá davam as mais finas especiarias, pedras preciosas e ouro. 23 As cidades de Harã, Cane e Éden, os comerciantes de Sabá, as cidades de Assur e Quilmade — todos faziam negócios com você. 24 Eles lhe vendiam roupas de luxo, tecidos de púrpura, bordados, tapetes de várias cores e cordas e cordões bem trançados. 25 As suas mercadorias eram levadas em grupos de grandes navios cargueiros. “Tiro, você parecia um navio no mar, carregado com carga pesada. 26 Quando os seus remadores levaram você para o mar alto, o vento leste a fez afundar longe de terra. 27 Toda a riqueza da sua mercadoria, os carpinteiros do navio e os seus comerciantes, cada soldado que estava no navio — todos, todos se perderam no mar
quando o navio afundou. 28 Os gritos dos marinheiros que se afogavam foram ouvidos até na praia. 29 Todos os navios estão agora abandonados, e todos os marinheiros foram para terra firme. 30 Todos eles choram amargamente por você, jogando pó na cabeça e rolando nas cinzas em sinal de tristeza.
31 Por sua causa, eles rapam a cabeça e vestem roupa feita de pano grosseiro, chorando com o coração amargurado. 32 Eles cantam para você esta canção triste: ‘Quem pode se comparar com Tiro, que agora está em silêncio no meio do mar? 33 Quando as suas mercadorias eram carregadas através dos mares, você satisfazia a muitas nações. Com a riqueza dos seus bens,  você enriqueceu os reis da terra.
34 Agora, você está no fundo do mar, está afundada nas profundezas do oceano. Os seus bens e todos aqueles que trabalhavam para você desapareceram junto com você no mar.’ ”
35 — Todos os moradores do litoral estão apavorados com o que lhe aconteceu. Até os reis estão apavorados, e o medo está escrito na cara deles. 36 Você se acabou para sempre, e os comerciantes no mundo inteiro estão apavorados, com medo que aconteça com eles o mesmo que aconteceu com você.

Comentário Devocional:

Observe o seguinte texto, retirado de uma página do Facebook: “O seu Volkswagen é alemão. Sua vodka é russa. Sua pizza é italiana. O kebab é turco. Sua democracia é grega. Seu café é brasileiro. Seus filmes são americanos. Seu chá é tamil. Sua camisa é indiana. Sua gasolina é da Arábia Saudita. Seus aparelhos eletrônicos são chineses. Seus números árabes, suas letras latinas. E você ainda se queixa de que seu vizinho é um imigrante? Controle-se! (postado na página “The True Activist”  em 13 de junho de 2014).

Nem todos podem pagar por um carro alemão. A maioria abrirá mão da vodka. Alguns preferem não beber o café. Outros não vivem em democracias. Mas todos compreendemos o significado da afirmação acima.

Pensamos no mundo de hoje como uma aldeia global. No entanto, nenhum lugar hoje é mais cosmopolita do que a antiga Tiro. Mas isto iria acabar. No dia da ruína de Tiro todos os reis e mercadores que a amavam se manteriam à parte, com medo de serem envolvidos no meio da destruição provocada pela Babilônia. 

Eles lamentariam a queda de Tiro, raspando seus cabelos como Jó, vestindo peles de cabra, chorando e lamentando amargamente. Impressionante, de fato. No entanto, não é por Tiro que eles lamentam. É pela riqueza que esta cidade os ajudou a adquirir e pelo sonho de sua própria segurança que eles estão perdendo. 

A globalização de hoje pode nos fazer sentir que estamos seguros. Porque se alguém ataca um lugar, todos os outros lugares sofrem. Esperamos que o interesse próprio de todos vá prevalecer e a paz seja restaurada. Pois qualquer violência, em menor ou maior escala nos faz sentirmos vulneráveis. No entanto, João, o Revelador toma emprestado a linguagem de Ezequiel para falar do colapso final de Babilônia, quando os comerciantes e reis voltarão a lamentar, um lamento egoísta e desesperado (Apoc 18:9-24). 

A queda de Tiro nos ensina que embora as pessoas do mundo estejam acostumadas com a troca de favores e com o comércio que beneficia aos poderosos, a paz e a segurança não podem ser encontradas na prosperidade material.

Há apenas um caminho para a paz verdadeira, apenas um verdadeiro Príncipe da paz. Que o brilho do mundo nunca nos leve a crer o contrário.

Ross Cole
Avondale College, Austrália