segunda-feira, 30 de junho de 2014

Tomara


Tomara que os olhos de inverno das circunstâncias mais doídas não sejam capazes de encobrir por muito tempo os nossos olhos de sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer, ínfima, tímida, para ver também um bocadinho de céu. Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem de sentir confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor. Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos pesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz. 
Tomara.

Ana Jácomo

Sempre aprendendo



Tenho aprendido que grande parte daquilo em que juramos acreditar pode ser somente crença alheia que a gente não passou a limpo. 

Que pode haver algum conforto no acordo tácito da hipocrisia, mas ele não faz a vida cantar.
Que se não tivermos um olhar atento e generoso para os nossos sentimentos, podemos passar uma jornada inteira sem entrar em contato com o que realmente nos importa. 
Que aquilo que, de fato, nos importa, pode não importar a mais ninguém e isso não tem importância alguma.
Que enquanto não nos conhecermos pelo menos um pouquinho, rabiscaremos cadernos e cadernos sem escrever coisa alguma que tenha significado para nós.
Tenho aprendido com o tempo que quando julgamos falamos mais de nós do que do outro. 
Que a maledicência acontece quando o coração está com mau hálito. 
Que o respeito é virtude das almas elegantes. 
Que a empatia nasce do contato íntimo com as nuances da nossa própria humanidade. 
Que entre o que o outro diz e o que ouvimos existem pontes ou abismos, 
construídos ou cavados pela história que é dele e pela história que é nossa. 
Que o egoísmo fala quando o medo abafa a voz do amor. 
Que a carência se revela quando a autoestima está machucada. 
Que a culpa é um veneno corrosivo que geralmente as pessoas não gostam de ingerir sozinhas. 
Que a sala de aula é a experiência particular e intransferível de cada um.

Ana Jácomo

Cantinho do Flavio - Quando a gente cansa de ser "bom"


Essa é a forma que sei amar... 
Não sou melhor que ninguém, não me sinto assim.
Não julgo  nenhum indivíduo, não estou aqui para isso, desconheço dores e temores que o levaram a ser quem é...discordo de algumas atitudes e me perdoem, não faço para diminuir, nem denegrir imagem, mas o pouco que aprendi na minha caminhada, pois tenho consciência que nada sei, é que o amor é a nossa maior riqueza, talvez a única, e que as vezes precisamos por amor dizer não, por agir dessa maneira impulsionados por este sentimento, até perdemos ou nos distanciamos das pessoas amadas, mas seguimos a nossa vida com a certeza que fizemos o que devia ser feito, e em paz.
Existem algumas atitudes que não precisam de inteligência e nem de livros para sabermos que não são legais, não é uma questão de moralismo e sim de valores, crescimento espiritual, tornar-se um ser humano melhor, ser parte de um todo ainda em nome do amor...mais uma vez me perdoem por me posicionar e ser tão dura, mas preciso ser.
Graças a Deus, não espero nenhum reconhecimento por ser quem sou, apenas ver as pessoas que amo felizes...mesmo que eu não esteja ao lado delas para comemorar.

Rosa Soares