sábado, 28 de fevereiro de 2015

Cansado de viver


1 Minha alma está cansada de viver. Soltarei contra mim mesmo o meu discurso, expressando toda a minha amargura.
2 Direi a Deus: Não me condenes! Faze-me, antes, saber, por que me julgas assim.
3 Por acaso, parece-te bom que me oprimas e me calunies, a mim, obra de tuas mãos e favoreças o desígnio dos perversos?
4 Acaso são de carne os teus olhos e vês as coisas como as vê o ser humano?
5 Acaso são como os de um mortal os teus dias e os teus anos, como as estações humanas,
6 para esquadrinhares a minha iniqüidade e investigares o meu pecado?
7 No entanto, sabes que eu nada fiz de mal, mas, por outro lado, ninguém pode livrar do teu alcance.
8 “SOU TUA CRIATURA, MAS QUAL FERA ME ESPREITAS”
As tuas mãos me fizeram, plasmando todo o meu ser inteiramente, e de súbito me fazes cair?
9 Lembra-te, por favor, que me fizeste como argila… e agora, me reduzes ao pó?
10 Acaso não me derramaste como leite, e me coalhaste como queijo?
11 De pele e carne me vestiste, de ossos e de nervos me teceste.
12 Vida e misericórdia me concedeste e teu cuidado guardou o meu espírito.
13 Embora escondas estas coisas no teu coração, sei que as andavas remoendo em tua mente:
14 Se eu pecar, estarás me observando e não consentirás que eu seja livre da minha iniqüidade.
15 Se eu fosse ímpio, ai de mim; se justo, não levantaria a cabeça, repleto que estou de aflição e miséria.
16 Se me deixo levar pelo orgulho, me prendes como ao filhote do leão e de novo te revelas admirável em mim.
17 Renovas contra mim tuas testemunhas e redobras tua ira contra mim, contra mim combatem teus castigos.
18 Por que então me tiraste do ventre materno? Oxalá tivesse eu morrido, para que olho algum me visse.
19 E eu teria sido como quem não existiu, transportado, já, do ventre ao túmulo.
20 Acaso a brevidade dos meus dias não acabará logo? Deixa, pois, que se alivie um pouco a minha dor!
21 Mas isto, antes que eu vá, sem volta, para a região das trevas e da sombra da morte,
22 a terra da escuridão e das trevas, onde só há sombra de morte e caos, e habita o horror sempiterno”.


Comentários:

Jó continua seu discurso (9:25 - 10:22)
A. Na última parte do capítulo 9, parece que Jó dirige seus comentários em parte a Deus e em parte a Bildade e seus outros dois amigos.

B. Tendo discutido o tratamento do homem em geral por Deus em 9:22-24, agora Jó se volta para o tratamento dele mesmo por Deus (vs. 25-31).
1. Usando as figuras de um corredor, navios velozes e uma águia, Jó descreve a brevidade da vida (vs. 25-26).
2. Ele fala da persistência de Deus em considerá-lo culpado e como resultado ele é incapaz de se alegrar (vs. 27-31).
3. Jó sente a necessidade de um terceiro participante para arbitrar a diferença entre ele e Deus (vs. 32-35). Parece que ele está antevendo a obra de Jesus Cristo como nosso mediador.

C. Sentindo que nada tem a perder, Jó fala a Deus diretamente, insistindo em saber porque Deus está "contendendo com ele" e então oferecendo as razões possíveis para o comportamento de Deus (10:1-7).
1. Ele pergunta se Deus tem algum prazer em oprimir sua própria criação (vs. 3).
2. Ele pergunta se Deus, como um homem, tem percepção limitada e, por isso, julgou-o injustamente (vs. 4).
3. Ele questiona se a duração da vida de Deus é tão curta como a de um homem, para que ele esteja com pressa de procurar o pecado de Jó antes que ele o tenha cometido (vs. 5-7).

D. Desconsiderando as duas últimas perguntas, Jó continua seu discurso seguindo a primeira possibilidade (vs. 8-22).
1. Ele recorda a Deus que ele é criatura de Deus (vs. 8-12).
2. E ainda Deus parece determinado a destruir Jó em qualquer circunstância, um rumo aparentemente inconsistente com seu cuidado em criar Jó (vs. 13-17).
3. Novamente Jó expressa seu desejo de ter morrido ao nascer. Desde que Deus não permitiu isso e seus dias restantes são poucos, Jó pede a Deus que o deixe em paz (vs. 18-22).
4. Conquanto Jó não tenha se afastado de Deus, ele está obviamente lutando com sua fé. Quão agradecido Jó deve ter estado mais tarde porque Deus não atentou para suas palavras e o "deixou em paz" como ele tinha pedido!


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