quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Oração de um homem longe da Pátria


Poesia do grupo de Corá. Ao regente do coro.
1 Assim como o corço deseja as águas do ribeirão, assim também eu quero estar na tua presença, ó Deus! 2 Eu tenho sede de ti, o Deus vivo! Quando poderei ir adorar na tua presença? 3 Choro dia e noite, e as lágrimas são o meu alimento. Os meus inimigos estão sempre me perguntando: “Onde está o seu Deus?”
4 Quando penso no passado, sinto dor no coração. Eu lembro quando ia com a multidão à casa de Deus. Eu guiava o povo, e todos íamos caminhando juntos, felizes, cantando e louvando a Deus.
5 Por que estou tão triste? Por que estou tão aflito? Eu porei a minha esperança em Deus e ainda o louvarei. Ele é o meu Salvador e o meu Deus.
6-7 O meu coração está profundamente abatido, e por isso eu penso em Deus. Assim como o mar agitado ruge, e assim como as águas das cachoeiras descem dos montes Hermom e Mizar e correm com violência até o rio Jordão, assim são as ondas de tristeza que o Senhor Deus mandou sobre mim.
8 Que ele me mostre durante o dia o seu amor, e assim de noite eu cantarei uma canção, uma oração ao Deus que me dá vida.
9 Pergunto a Deus, a minha rocha: “Por que esqueceste de mim? Por que tenho de viver sofrendo
por causa da maldade dos meus inimigos?” 10 Até os meus ossos doem quando os meus inimigos me ofendem, perguntando todos os dias: “Onde está o seu Deus?” 11 Por que estou tão triste? Por que estou tão aflito? Eu porei a minha esperança em Deus e ainda o louvarei. Ele é o meu Salvador e o meu Deus.


Comentário devocional:

Para um hebreu, buscar a Deus significava ir ao templo em Jerusalém para as grandes festas e se aproximar dEle para confessar seus pecados e oferecer sacrifício. Encontrar-se com Deus, significava fazer uma peregrinação a Sião para estar em Sua presença. O autor do Salmo 42 está no exílio, ansiando por Deus, sentindo que para estar com Ele, teria que estar em Jerusalém. Ele se lembra dos pontos altos de sua jornada espiritual quando se aproximava do monte santo do templo (v. 4).

O desespero toma conta de seu coração ao pensar em sua situação atual, longe de casa, longe do templo. Ondas de desespero se precipitam sobre a sua alma.

Pouco depois, entretanto, sua esperança começa a crescer novamente. Ele percebe que a luz da verdade divina irá guiá-lo até a presença de Deus, mesmo estando numa terra pagã. Recordando as promessas de Deus, o exilado recobra a confiança de que Jerusalém será restaurada e lá o povo de Deus voltará a adorá-Lo.

Em tempos de desânimo, muitas vezes sentimos que fomos violentamente levados pelo inimigo para longe de nossa casa espiritual, para longe de Deus. Podemos olhar para trás com saudades de nossas vitórias passadas, para aqueles tempos e lugares em que nos sentimos bem perto de Deus. Assim como os judeus exilados na Babilônia, a nossa vontade é pendurar nossas harpas e parar de cantar completamente. Mas à medida que lemos este Salmo, a despeito de nossos vários momentos de desânimo, vemos a confiança nas promessas de Deus tornar-se cada vez mais forte. Essa bipolaridade espiritual (ora estarmos para cima, ora para baixo) é normal para a condição humana. No entanto, Deus oferece-nos libertação de tais ciclos. Não precisamos permanecer exilados, apenas lembrando de nossa casa. Podemos ir à Deus diretamente e encontrar nEle o nosso lar.

Obrigado, Pai, por que aonde quer que eu vá, posso ir a Ti com a certeza de que me ouvirás. E porque estás comigo em qualquer lugar, eu posso estar sempre “em casa”. Amém.

Helen Pyke

Professora aposentada

Universidade Adventista do Sul