sábado, 21 de março de 2015

Suas mãos não me atinge, mas seus pensamentos sim...


21 O Senhor, o Rei de Israel, diz: “Deuses das nações, venham apresentar a sua causa e fazer a sua defesa.
22 Venham e nos digam o que vai acontecer; expliquem também as profecias que vocês fizeram no passado, para que nós fiquemos sabendo se elas se cumpriram. Ou então digam o que vai acontecer no futuro, e assim nós poderemos ver se vai dar certo.
23 Anunciem as coisas que vão acontecer daqui em diante a fim de provar que vocês são deuses de fato. Façam o que quiserem, seja bom ou seja mau, para que fiquemos com medo e cheios de pavor.
24 Mas vocês não são nada! Vocês não podem fazer nada! Eu detesto aqueles que os adoram!
25“Fui eu que chamei um homem que mora no Oriente; ele confia em mim e vem do Norte para atacar os seus inimigos. Ele pisa em cima de reis como se fossem lama; ele os trata como um oleiro que amassa o barro com os pés. 
26 Será que algum de vocês anunciou que isso ia acontecer, para que nós ficássemos sabendo?
Algum deus falou disso no passado para que nós disséssemos: ‘Ele tinha razão’? Nenhuma imagem anunciou nada a respeito disso, nenhuma nos avisou; não ouvimos vocês dizerem nem uma só palavra.
27 Pois eu anunciei isso a Sião desde o começo, eu mandei um mensageiro espalhar essas boas notícias em Jerusalém.
28 Eu procuro os deuses, mas nenhum deles aparece; nenhum deles pode dar explicações ou responder às perguntas que faço.
29 Eles não são nada! Eles não podem fazer nada! Essas imagens são coisas sem vida e sem valor.”

Eu te acuso e te lanço tudo em face.


 Fala o Senhor, o Deus dos deuses, ele convoca a terra do nascer ao pôr-do-sol.
2 De Sião, beleza perfeita, Deus brilha,
3 chega o nosso Deus e não se calará. Diante dele há um fogo devorador, e ao seu redor, tempestade furiosa.
4 Chama do alto os céus e a terra, pois vai julgar seu povo:
5 “Congregai à minha frente meus fiéis, que celebraram comigo a aliança no sacrifício!”
6 E os céus anunciam a sua justiça, pois Deus vai julgar.
7 “Ouve, meu povo, deixa-me falar, Israel, vou testemunhar contra ti: Eu sou Deus, o teu Deus.
8 Não vou censurar-te por teus sacrifícios, pois teus holocaustos estão sempre à minha frente.
9 Não aceito bezerros de tua casa nem cabritos de teus rebanhos.
10 Pois são minhas todas as feras da floresta, e também os animais dos montes, aos milhares;
11 conheço todas as aves do céu e possuo tudo o que se move nos campos.
12 Se eu tivesse fome, não iria falar contigo, pois é meu todo o universo e o que nele existe.
13 Por acaso comerei carne de touros ou beberei sangue de cabritos?
14 Oferece a Deus o sacrifício de louvor e cumpre tuas promessas ao Altíssimo.
15 Invoca-me no dia da angústia, e eu te livrarei e tu me honrarás.”
16 Porém ao ímpio Deus diz: “Por que te preocupas em repetir meus preceitos e recitar minha aliança com a boca,
17 sendo que odeias a disciplina e desprezas minhas palavras?
18 Quando vês um ladrão, andas com ele, e tomas parte com os adúlteros.
19 Abres a boca para o mal, e tua língua trama a falsidade.
20 Sentado falas contra o teu irmão, cobres de calúnia o filho de tua mãe.
21 É isto que fizeste, e eu me calaria? Pensas que eu sou como tu? Eu te acuso e te lanço tudo em face.
22 Compreendei isto, vós que vos esqueceis de Deus! para que eu não vos castigue, sem que ninguém vos possa livrar!
23 Quem me oferece o sacrifício de louvor, me honra, e a quem caminha retamente farei experimentar a salvação de Deus”.

Deus é justo e poderoso

1 Eliú disse mais:
2 “Vocês que são sábios e instruídos, escutem o que vou dizer.
3 Assim como os ouvidos julgam o valor das palavras, e o paladar prova os alimentos, 4 assim nós agora vamos examinar o caso e resolvê-lo do jeito que nos parecer melhor.
Deus não é injusto com ninguém
5 “Jó está dizendo que é inocente e que Deus não quer lhe fazer justiça.
6 E pergunta: ‘Como é que eu poderia mentir, dizendo que estou errado? Sofro de uma doença que não tem cura, embora não tenha cometido nenhum pecado.’
7 “Neste mundo não há ninguém como Jó, para quem é tão fácil zombar de Deus como beber um copo de água.
8 Ele anda com homens maus e se ajunta com gente que não presta.
9 E diz assim: ‘Não adianta nada procurar agradar a Deus.’
10 “Agora, vocês que têm juízo, me escutem. Será que Deus faria alguma coisa errada?
Será que o Todo-Poderoso cometeria uma injustiça?
11 Ele nos paga de acordo com o que fazemos e dá a cada um o que merece.
12 Na verdade, o Deus Todo-Poderoso não faz o mal e não é injusto com ninguém.
13 Quem entregou o poder a Deus? Quem o fez governador do Universo?
14 Se Deus quisesse, poderia fazer voltar para si o fôlego, a respiração da gente; 15 então todas as pessoas morreriam juntas, no mesmo instante, e voltariam de novo para o pó.
Deus é justo e poderoso
16“Agora, Jó, se você é sábio, escute e preste atenção no que vou dizer.
17 Se Deus odiasse a justiça, não poderia governar o mundo. Será que você quer condenar aquele que é justo e poderoso?
18 Deus condena os reis e as autoridades quando são maus, quando não prestam.
19 Ele não mostra preferência pelas pessoas que estão no poder, nem favorece os ricos em prejuízo dos pobres, pois todos foram criados por ele.
20 A morte pode vir de repente, no meio da noite. A pessoa tem um ataque e morre.
Deus não precisa de ajuda para matar os poderosos.
21 Pois ele sabe tudo o que fazemos e vê todos os passos que damos.
22 Não existe nenhum lugar, por mais escuro que seja, onde um pecador possa se esconder de Deus.
23 Deus não precisa marcar um dia para que uma pessoa se apresente a fim de ser julgada por ele.
24 Ele não necessita de examinar a vida dos poderosos para acabar com eles e dar a outros o seu lugar.
25 Pois Deus conhece o que eles fazem; de noite ele os derruba e esmaga.
26 Em público, na frente de todos, Deus os castiga como se fossem criminosos 27 porque eles se afastaram dele e não quiseram obedecer a nenhum dos seus mandamentos.
28 Eles fizeram com que os gritos dos pobres e explorados subissem até Deus, e ele os escutou.
29 “Mas, se Deus se calar, ninguém poderá condená-lo. Se ele esconder o rosto, as pessoas e as nações ficarão sem defesa 30 e nada poderão fazer para evitar que homens maus as governem e explorem.
Você resolveu parar de praticar o mal?
31 “Jó, será que você já reconheceu diante de Deus que você sofreu por causa dos seus pecados
e que prometeu que não vai pecar mais?
32 Será que você pediu a Deus que lhe mostrasse as suas faltas e resolveu parar de praticar o mal?
33 Se você não aceita o que Deus faz, como espera que ele faça o que você quer?
Você é quem precisa responder, e não eu; diga-nos o que está pensando.
34 “As pessoas sábias e sensatas que me estão escutando certamente dirão assim:
35‘Jó não sabe o que está falando; o que ele diz não faz sentido.
36 É só examinar bem as suas palavras, e a gente vê que ele responde como um perverso.
37 Jó é pecador, um pecador rebelde. Na nossa presença, zomba de Deus e não para de falar contra ele.’ ”


Comentário:

Jó não tinha nada à responder quanto ao primeiro discurso de Eliú. Como deveríamos interpretar o silêncio de Jó? Ele ficou frustrado com Eliú...não valendo apena gastar seu fôlego com ele? Eu prefiro pensar que ele considerou a colocação Eliú como pendendo para o lado mais equilibrado, do que realmente ter ido “longe demais.” OBS:Após vencer um argumento, silenciando (freqüentemente alienando) nossos críticos, nós muitas vezes não acabamos percebendo, numa reflexão mais silenciosa, que falamos demasiadamente, ou apressadamente, exagerando assim a situação? Vamos trabalhar para domarmos nossa língua.
Agora, temos o segundo discurso de Eliú.
Note a repetição do apelo para ser ouvido nos versículos 2, 10, 16 e 34.
Note Eliú falando aos quatro, aos três e simplesmente a Jó.

I. Introdução, v. 1-4.
Falando aos quatro. Demonstra respeito aos anciãos.
- Nem todos que discordam de nós são tolos! Desejo de ser ouvido por ter uma contribuição significativa. Não era a autoimportância ou o ego inchado, mas uma responsabilidade recebida do Senhor, numa missão de Deus. Um desejo genuíno de que a verdade e a justiça prevaleçam.
- Devemos sempre procurar ajudar os dois lados.

II. Aonde Jó foi muito longe, v. 5-6, 9.
v. 5 (declaração feita em 27: 2 e 6)
v. 6 (declaração feita em 16: 16-17). Jó: “Eu deveria mentir e me incriminar falsamente!” Essa provação não veio por haver alguma transgressão em mim!”Verdade! Embora ele tenha sido mais zeloso ao se defender, do que assumir uma posição mais humilde e se submeter à providência de Deus.
v. 9 (declaração feita em 9: 22 e 24: 1). “Deus age de forma arbitrária (ex: mais por capricho do que por princípio). Ele não tem consideração nenhuma por nenhum homem.” Somos levados a pensar que é vão servir a Deus! Jó sabia que esta era a maneira como o ímpio pensava (21: 15), mas ele mesmo chega bem perto desse pensamento! OBS:Os santos são tentados a pensar assim, Salmo 73: 13-14.
Mesmo que ele não pensasse de maneira similar ao ímpio, ele tinha que admitir que isso poderia ser interpretado assim, e é por isso que Eliú tem o direito de chamar a sua atenção neste ponto.

III. Respondendo á Jó, v. 7-8, 10-33.
1. “Jó era muito rápido para falar. Ele estava determinado a falar mesmo às custas de Deus. Estas declarações eram equivalentes a zombar de Deus”, v. 7-8.
2. “Deus é justo”, v. 10-15.
v. 10 “Deus está longe do injusto. Se Ele fosse arbitrário em Seus tratos, isso seria injusto.”
v. 11 “Deus opera sob princípios de justiça, levando em conta Sua perspectiva eterna.”
v. 12 “Deus é justo em tudo que faz. Ele nunca é injusto com nenhum homem.”
v. 13 “Ele é absolutamente Soberano. Ele não responde a ninguém. Ninguém está acima dEle. Ninguém outorgou á Ele a autoridade de governar.”
v. 14 – 15. “Nossa vida está em Suas mãos. Se Ele está determinado a destruir um homem, Ele tem poder e direito para tanto. Tudo o que Ele tem a fazer, é nos fazer parar de respirar!”
- Se Deus exercesse justiça no sentido estrito, algum de nós continuaria a respirar?! Agradeça a Deus por satisfazer totalmente a Sua justiça ao castigar a Cristo em nosso lugar!
3. Dirigindo-se a Jó separadamente: “Porque Deus é justo e merece o máximo respeito”, v. 16-30.
v. 17 “Comparado com o perfeito amor da justiça de Deus, o melhor do amor do homem pela justiça, é odiá-la! Jó, você quer ser Deus? Você pensa que pode governar melhor do que Deus?
v. 18 – 22 “Você não falaria de um rei de forma tão descuidada quanto falou de Deus! Você não levantaria nenhuma dúvida sobre o caráter de um rei”. V. 19 “Deus merece um respeito ainda maior; Ele não faz acepção de pessoas; Ele fez os reis, ricos, pobres e etc.” (Jó tinha sido ambos, rico e pobre!) V. 20 “Estes reis estão a Sua disposição. Ele pode abater qualquer homem a qualquer momento, e ainda assim ser justo”. V. 21 “Deus é perfeito em conhecimento. Nada escapa dEle.”
v. 23 “Ninguém pode acusar Deus por ser tratado pior do que mereceria. Jó, Deus não errou com você!” Um conceito chave! OBS:Salmo 103: 10 - Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniqüidades. Qualquer homem que esteja fora do inferno pode dizer isso! (E o inferno em si mesmo não é mais do que merecemos.) Não importa quão dura seja a nossa provação, Deus sempre estará nos tratando melhor do que merecemos.
v. 24 - 28 “Ninguém é tão poderoso que poderá escapar de ter que tratar com a justiça de Deus”.
v. 29 – 30 “A vontade de Deus permanece. Não há mudanças nEle e nem em Seus decretos de propósitos. Ele governa da maneira que mais lhe agrada”. Henry: “A rejeição do mundo não deve perturbar aqueles a quem Deus acalma com Seu sorriso. ...O sorriso do mundo não pode acalmar aqueles a quem Deus rejeita.”

Objeção: Tudo isso soa muito semelhante ao que os três amigos falaram! “Não há nenhum conforto para Jó.”

Resposta: O silencio de Jó (e a exclusão de Eliú por Deus no cap. 42) indica que ele ouviu alguma coisa distinta por parte de Eliú. Henry: “Jó não somente suportou tudo isso pacientemente, como também o recebeu gentilmente, pois viu que as intenções de Eliú eram boas, embora seus outros amigos o tivessem acusado, sua consciência o absolvia. Eliú o acusava, com aquilo no qual, provavelmente, seu próprio coração, agora sob reflexão, começou a lhe pesar.” Green: “Na boca de Eliú era diferente. Não havia censura oculta, nem insinuações, distorções ou falsas conclusões.” Eliú simplesmente defendia a justiça de Deus, mostrando aonde Jó tinha insistido demasiadamente em sua inocência.

4. O que Jó deveria ter dito, v. 31-33.

v. 31 “Eu mereço tudo isso (e muito pior!). Eu mereço uma repreensão pela minha forma de falar inapropriada.”
v. 32 “Mostra-me os meus pecados ocultos! Este orgulho oculto que eu mesmo desconhecia e que deve ser desarraigado!” Outro versículo chave. Que contribuição de Eliú! OBS:Salmo 19: 12 - Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos. Um espírito humilde, pronto a se arrepender de qualquer erro é apropriado a todo pecador remido!
v. 33 “Deus deveria fazer a tua vontade, Jó? Não, Ele fará a dEle, que é a melhor, quer você goste ou não! E não eu [ex: não sou o seu juiz. Não pretendo ocupar o trono de Deus quanto ao seu caso. Ele fará aquilo que lhe agrada, e não o que agrada a você e a mim!].” OBS:Quando não puder entender a Providência, submeta-se a ela!Confie na sabedoria de Deus. Faça o melhor uso dela (como Jó fez em 1: 21; 2: 10, quando ele não pecou com seus lábios). Henry: “Se alguns são punidos, a mais ou a menos do que pensamos que deveriam, ao invés de questionarmos a Deus, nós deveríamos considerar tal fato como algo secreto e conhecido apenas de Deus.”
v. 33 b Outra oportunidade e convite para que Jó falasse.

IV. Encerrando as declarações, v. 34-37.

v. 34 – 35 “Qualquer um que queira corrigir o que eu estou dizendo, é bem-vindo. Não vou abandonar Jó tão facilmente.”
v. 36 “Eu quero que este caso seja resolvido e não fique cercado pela incerteza. Isso precisa ter um fim, até onde podemos chegar.”
v. 37 “Ele não pode ficar sem uma resposta, para que não venha a dizer coisas piores do que já o fez até aqui!... e caia no pecado de presunção.” (O propósito gracioso de Deus em enviar Eliú: Evitar que Jó caísse em um pecado mais sério, nesta fase de grandes tribulações, angústia, dor e doença.)

Resumo: “Deus tem um bom propósito. E Ele não tem que desvendar este propósito a nós” (Capítulo 33). “Mas Ele é, sem sombra de dúvidas, justo em tudo o que faz (Capítulo 34). (Deus não tem que revelar o desafio Satânico para Jó para que ele tire proveito de toda a prova!)

Observações adicionais:
- Não dê as pessoas a impressão de que a soberania de Deus significa que Ele pode tratar indevidamente com a impunidade. (Pois, nosso senso de certo e errado nem sempre é igual ao dEle!)...que a graça soberana é arbitrária...que Calvinismo é fatalismo! Deus é justo em tudo o que faz.

- Defenda Deus a todo custo! Green: “Se um conflito surge entre Deus e suas criaturas, a quem Ele não tem nenhuma tentação de ferir, nem qualquer intenção de prejudicá-los, a certeza inegável e absoluta é; que Ele está certo e eles errados, mesmo que não consigam enxergar isso.”

Daniel A. Chamberlin