Não busque a perfeição. Esqueça. Ser perfeito deturparia nossa condição humana, naturalmente ambígua, e nos transformaria em seres arrogantes.
Somos contraditórios e tropeçamos em nossos limites com muita 
frequência, portanto, insisto: deixe de cobrar perfeição de si mesmo, 
seria um peso que, acredite, lhe sobrecarregaria.
Mas, preste atenção, isso não quer dizer que deve se conformar com o que sente
 que precisa mudar. Eu e você carregamos níveis de condicionamento, de 
formatação, de limites auto impostos que precisam, aos poucos, serem 
vencidos. Basta enxergar-se com honestidade para chegar a essa 
conclusão.
Então, como fazer? Em primeiro lugar pacificando-se consigo mesmo. O 
primeiro sintoma da felicidade é pacificar-se com o que consegue ser 
hoje. Sei que não é o ideal, nunca é. Mas aceitar-se como pode, 
aquietando a mente inquisidora, é o início de tudo.
É preciso a consciência de que a perfeição inclui a imperfeição. 
Especialmente pelo fato de que nenhum de nós sabe com clareza o que é 
luz e o que é trevas, o que é bom e o que é mau, o que é perfeito e o 
que é imperfeito. Julgamos saber, mas nosso juízo é absurdamente 
limitado aos condicionamentos que, sem perceber, vamos anexando a mente e
 transformando em verdade absoluta. A certeza de que sabemos é o sintoma
 mais claro de quão distantes estamos da verdade.
A busca pela perfeição é utópica a começar por nossas próprias 
distorções, sutis tantas vezes, tendenciosas o suficiente para 
transformar algo genuíno em soberba.
Você duvida? Basta observar a historia humana e concluir como lindas ideias viraram ferramenta
 de manipulação, como insights iluminados foram se transformando em 
grossas e pesadas correntes mentais, como tanta gente que iniciou um 
caminho com boas intenções, com tantas coisas interessantes para 
compartilhar, perdeu-se na própria luz, até não enxergar mais nada. 
Cegueira branca.
Portanto, aquiete-se com o que é. Ninguém é perfeito, mas podemos ser
 melhores. Cada um enxergue a si mesmo com isenção e projete sobre o que
 vê a luz da consciência. Com o tempo vamos aprendendo a nos pacificar, 
até que a paz seja a água que nos lava de toda pretensão de ser o que 
não somos.
Nossa beleza
 habita em nossa humanidade e nossa humanidade, contraditória, ambígua 
tantas vezes, é o caminho para aceitarmos em paz cada processo que nos 
leva à perfeita imperfeição. Pense nisso.
Flavio Siqueira 

 
 
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