sábado, 6 de setembro de 2014

Poder!



Quem projeta sua caminhada na direção da mera busca pelo poder, se enfraquece. Isso porque quando penso que sou poderoso, tenho que assumir que me deixei escravizar pela inebriante sensação de controle, de manipulação, de ser formador de opinião, de mentes, de almas.
Enquanto busco o poder, não percebo que, na mesma medida que me deixo seduzir por ele, sou o primeiro a ser controlado, desviado de qualquer perspectiva de realmente enxergar os significados dos contextos a minha volta, simplesmente porque agora, tudo o que vejo, são as possibilidades de aumentar meu vício, de aparentar maior, de arregimentar mais gente, seduzir, direcionar, controlar, me apossar das vontades, escolhas e caminhos alheios.
Aquilo que aprendemos chamar de poder é uma droga. Vicia, corrompe e mata. Esse terá enorme dificuldades em perceber que poder, mesmo, de verdade, é a capacidade de caminhar entre os ruídos, enxergar as construções de manipulação, vencer os apelos de sedução e, sobre tudo, projetar a luz da consciência que cresce para o lado de dentro. É transcender e não se deixar apreender, seja pela adesão, seja pela crítica ideológica, sindicalista, amargurada, invejosa muitas vezes. É poder enxergar com clareza, sabendo que o verdadeiro poder se aperfeiçoa na minha contradição, na minha fraqueza, na minha humanidade.
Quem assim enxerga, transcende, ilumina e projeta sobre toda tentativa de controle a luz que antes nasceu na interioridade de quem resolveu se enxergar, revisar suas motivações e reconheceu-se, portanto, não tem mais nenhuma capacidade de acreditar que o verdadeiro poder seja qualquer coisa que vá além da própria capacidade de amar e ser farol onde impera um denso nevoeiro.

Flavio Siqueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário