terça-feira, 28 de outubro de 2014

Aquele que eu vejo!

Você que pensa que é gordo. Que se gaba pelo corpo bem trabalhado ou se inquieta por achar que é baixinho. Você que acredita na imagem do espelho e pensa que é o que os olhos captam e a mente projeta. Que vê os corpos nas ruas, os passos apressados, desatentos, desconexos e acha que viu tudo.
Você não é o que vê. Seu tamanho é o tamanho de suas verdades, de seus olhares, do mundo que lhe habita.
Diminuímos em nossos preconceitos. Ficamos feios sempre que nos desconectamos do próximo, sempre que tentamos arrancar o outro de nós, como se houvesse outro, como se houvesse nós.
Não há cor de olhos que mascare a avareza de um olhar. Não há tom de pele que confunda a aspereza de uma alma amargurada. Músculos bem trabalhados não compensam a fraqueza de quem jamais se perdoou.
Você não é o que vê. A imagem não se encerra nos contornos e detalhes, não se limita ao peso ou as rugas, aos passos e as peles, mas expressa um mundo inteiro, o mundo que é você.
Seu tamanho corresponde à abertura de mente, à todos que enxerga, à tudo o que aprende, à consciência que se expande e abraça os seres vivos, à vontade de ser, de viver, de crescer.
Que os oceanos habitem sua alma, seus pensamentos se conectem com o movimento das brisas, que o sol, antes de aquecer a terra, encontre espaço em algum lugar dentro de você; que seu rosto, seu sorriso, seu olhar correspondam a sua abrangência de ser, sua disponibilidade para com quem de fato precisa, para que finalmente você se enxergue e, surpreso, entenda que não é gordo, nem baixo, nem negro, nem branco, nem velho, nem jovem: você é o mundo que lhe habita e a vida que move esse corpo

Flavio Siqueira

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