quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Delícias

 
Sonho com um Jardim de delícias, com um espaço que me inquiete, um céu que me desafie e perfume o delírio que existe tatuado em mim.
Sonho que desço a escadaria da perfeição, os degraus nus, ornamentados pela mistura de flores e amores, que sussurram gemidos sensuais.
Sonho com sinais e murmúrios, vozes que me chamam… Noivas de vestidos transparentes, onde se reflecte à luz de um sol sequioso, as delícias do meu jardim.
Sonho com a vida repleta de aromas sinceros… Tão sinceros como cada degrau que vou descendo, cada pedra que piso, sem que exista queixume. Somente sonho e me delicio com os braços estendidos das flores… E são tantas a tentarem segurar o sorriso, que trago desenhado no meu rosto.
Não tenciono escapar, quero sentir as folhas como se fossem o deslizar de dedos em meu corpo.
Sonho sem medo e quero muito sentir o pólen que voa no vento… Aquele que se espalha nas frestas da vontade.
Sonho para que ao acordar, me sinta deitado nas pétalas do meu jardim… Que as flores se misturem de mãos dadas, que rodopiem cantando em redor de mim…
Que cada pétala seja um gesto de amor…
Acordar deste sonho é viver, é amar, é chegar ao jardim das delícias com a certeza, de que as flores são arco-íris do chão, da terra… De um coração sem guerra…
Sonho na esperança de subir de novo cada degrau que desci… E sorrindo, vou subindo… feliz…
 
 José Alberto Sá
 
 

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