quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Para que ninguém se glorie em si mesmo


Dentro de cada humano existe uma dimensão que não pode ser acessada pelo intelecto, nem pelas emoções, tampouco pelo conhecimento. Um espaço em nós onde as palavras se esvaziam, as imagens diluem e todo conhecimento se transforma em códigos indecifráveis.

Nesse lugar, nossas perguntas, por mais serias que sejam, se apequenam, sem necessidade de respostas, argumentos ou explicações de nenhuma natureza. É no ponto em que as dores se calam e os caminhos clareiam.

Se eu pudesse traduzir todos os sons do universo, cada imagem, cada movimento e aplicasse um sistema de pensamento que desvendasse tudo o que nem a ciência imagina, se eu fosse capaz de aprofundar consideravelmente todos os enigmas da filosofia e os mistérios da teologia, ainda assim serviria para pouco.

Dentro de cada humano existe uma dimensão que jamais será acessada pelos caminhos do ego ou por qualquer ferramenta mental. É a dimensão do incognoscível, que não se impõe, mas observa, que aprende a ouvir, calar, ser grato, consciente diante do que é.

Cada movimento da vida deve nos levar para essa dimensão e cada experiência contribui para que aprendamos a descansar nela, onde tudo é claro, tudo é paz, tudo é.

Para que ninguém se glorie em si mesmo, para que os loucos confundam os sábios, para que não haja maiores ou menores entre nós, para que sejamos humanos.

Flavio Siqueira

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