sábado, 17 de janeiro de 2015

Vivo numa ilha de convicção


A noite questiona as ditas convicções
As sombras mascaram e confundem antigas lições
O que era inquestionável soa como duvidoso...
A escuridão torna tudo meio misterioso.
As verdades absolutas apresentam-se incertas
As portas aparentemente fechadas mostram-se abertas
Algumas saídas desaparecem inexplicavelmente
As ideias perdem-se no imenso labirinto da mente.
O ar parece mais rarefeito com algo de contaminado
A visão distorcida e tudo em volta enevoado
Eu caminho sozinho esbarrando em corpos estranhamente iguais
Acéfalos seguindo bandeiras de guerra e paz, tanto faz.
Já não sei para onde vou nem porque devo ir
Não sei distinguir se devo ficar ou partir
Os meus pilares ruíram no fugaz castelo de areia
Sinto-me imobilizado como um insecto numa teia.
Estou tão distante da minha essência quanto de Marte
Vislumbro rascunhos onde pensava haver pura arte
Rasgo os meus discursos vazios cheio de questionamentos
Não consigo colocar em ordem os meus pensamentos.
O meu mundo parece girar noutra velocidade
Os meus pés não sentem mais a mesma gravidade
Vagueio a esmo entre a fronteira da ilusão e da realidade
Na silenciosa cela da ilusão é que encontro a liberdade.
Ouço-me sofista, tudo que sei é que nada sei
Rejeito dogmas, fé, normas ou qualquer lei
Ao meu redor há uma mudança sem regras e constante
Nada permanece igual após um átomo de instante.
Ante toda esta louca inconstância a transição
Só segue incólume e intocado o meu escondido coração
No meio de um oceano de incerteza, uma ilha de convicção
Eu amo-te, quero-te e te tudo além e aquém de qualquer razão. 

Ganso Selvagem (Rui Moreira)

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