quinta-feira, 12 de março de 2015

Os maus roubam


1 “Por que o Todo-Poderoso não marca um dia para julgar, um dia para fazer justiça aos que são dele?
2 Há homens que mudam os marcos de divisa para aumentar as suas terras; eles roubam ovelhas e as põem no meio das suas.
3 Levam jumentos que pertencem a órfãos e ficam com o boi de uma viúva como garantia de pagamento de empréstimo.
4 Eles não respeitam os direitos dos pobres e forçam os necessitados a correr e se esconder. 
Os pobres são explorados pelos maus 
5 “Como se fossem jumentos selvagens, os pobres andam pelo deserto procurando alimento para os filhos.
6 Os pobres precisam trabalhar nas colheitas dos maus e apanham uvas para eles.
7 Não têm cobertas para se cobrir de noite, não têm nada que os proteja do frio.
8 Nas montanhas são encharcados pelas chuvas e procuram abrigo nas rochas.
9 Os perversos pegam orfãozinhos e fazem deles escravos e recebem os filhos dos necessitados como pagamento de dívidas.
10 Os pobres andam por aí quase nus e passam fome enquanto trabalham na colheita do trigo.
11 Eles movem as pedras dos moinhos dos maus para fazer azeite e pisam as suas uvas para fazer vinho, mas morrem de sede durante esse trabalho.
12 Os feridos e os que estão morrendo gritam nas cidades, mas Deus não escuta os seus gritos pedindo socorro. 
Perversos, assassinos, adúlteros, ladrões
13 “Os perversos odeiam a luz; em todos os seus caminhos, em tudo o que fazem, não querem saber dela.
14 O assassino se levanta de madrugada para matar o pobre e de noite vira ladrão.
15 O adúltero espera o cair da noite e cobre o rosto para que ninguém o veja.
16 Os ladrões invadem de noite as casas; eles não saem de dia, pois não querem nada com a luz.
17 Eles têm medo da luz do dia, mas a escuridão não os deixa apavorados.”
Terceira fala de Zofar
Deus destrói os maus
18 “O homem mau é arrastado pela enchente. As suas terras são amaldiçoadas por Deus, e ele não volta a trabalhar na sua plantação de uvas.
19 Como a neve se derrete no tempo seco e no calor, assim também o pecador desaparece da terra dos vivos.
20 A própria mãe não lembra dele. Os vermes o devoram com gosto, e ele é esquecido por todos.
O pecador é destruído como uma árvore que cai.
21 Isso acontece porque ele nunca ajudou as viúvas, nem teve pena das mulheres que não podem ter filhos.
22 Deus, com o seu poder, destrói os maus; ele age e acaba com a vida dos perversos.
23 Deus deixa que vivam seguros, mas fica sempre de olho neles.
24 Durante algum tempo, os perversos prosperam, mas num instante secam como o capim, são cortados como as espigas de trigo.
25 Quem pode dizer que essas coisas não são assim?
Será que alguém pode provar que não estou dizendo a verdade?”

Comentário:

Continuação do discurso iniciado no capítulo 23, onde Jó anseia pelo dia em que se apresentará diante do tribunal de Deus, por estar confiante de que Deus finalmente o justificaria (V.10); “minha consciência está limpa...minha confiança está no Senhor...Seus propósitos, embora misteriosos e difíceis, são os melhores!”

Agora Jó retorna para o argumento da “mosca no unguento” de Elifaz e seus amigos, pois ele dizia: o ímpio algumas vezes prospera nesta vida e parece escapar dos seus pecados. (Esta era uma falha mortal existente no argumento deles, como já exposto no capítulo 12 e 21)

I. V. 1 Resumindo a questão (a chave do argumento de Jó: Irrespondível)

“Se Deus sabe todas as coisas, por que Ele não se apressa em executar julgamento sobre o ímpio e justificar aqueles que o conhecem?” Ou, Por que a justiça não é imediata?”

Até mesmo Jó não é capaz de responder a esta pergunta! Aqui se trava a batalha da fé...continuar crendo que Deus é justo, mesmo quando Sua justiça não parece estar presente.

II. V. 2-12 A opressão feita por algumas pessoas ímpias.

Eles tiram vantagem de outras pessoas via:

- Roubando terras e animais, v. 2 - até mesmo dos indefesos, v. 3. (Note como Deus freqüentemente repete Seu interesse pelos órfãos e viúvas.)

- Tratam os pobres tão duramente, que eles se escondem para se proteger com medo e pavor, v. 4. Como os animais selvagens, os ímpios saem à procura de satisfazer seus desejos e instintos selvagens, v. 5. (compare com os errantes ladrões Caldeus e Sabeus do capítulo 1)

- Roubam o produto do campo, v.6. Em alguns casos, o ímpio roubando o próprio ímpio. *O fato de alguém ser roubado, não significa que esta pessoa era justa. O sofrimento (ex: ser órfão ou viúva) não é uma marca de piedade nem impiedade – evidência incerta.

- Deixam o necessitado sem o básico, sem ao menos uma vestimenta (v.7) abrigo (v. 8) ou comida (v. 9). Os deixam sem uma peça de roupa ou a comida básica (v. 10). Os fazem trabalhar como escravos produzindo vinho e azeite, não permitindo que tomem sequer uma gota do fruto do seu trabalho, (v. 11) Seus gemidos e suspiros sobem do lugar onde se encontram, porém Deus parece não ouvir, nem prestar atenção a dor deles, pois não traz a juízo os opressores, (v. 12). Similar ao Salmo 50 e 73.

III. V. 13-17 Obras das trevas feitas por pessoas que estão nas trevas.

A luz é com freqüência utilizada como uma metáfora de Deus e da piedade, sendo as trevas o seu oposto. V.13.

É interessante como alguns pecados geralmente ocorrem sob a capa das trevas, a fim de ocultar ou esconder a obra daquele que a executa. (Lembre-se de como a noite fica escura sem a luz artificial!)

Ao amanhecer, antes do raiar do sol, enquanto os homens honestos estão se levantando para trabalhar, o assassino age, e o ladrão comete seus crimes nas sombras, v.14.

O adúltero espera ansiosamente o cair da noite, a fim de não ser visto enquanto se dirige ao seu destino, v. 15.

Estas são pessoas da noite, cujo único uso para a luz do dia, é o de marcar as casas que planejam assaltar a noite, v. 16. Eles odeiam o raiar do dia, pois é como a morte para eles!...eles vivem sob o temor de serem detectados, v. 17.

- Medo de serem vistos pelos homens, mas não de serem vistos por Deus. Devemos nos lembrar sempre da Onipresença e da Onisciência de Deus! Nada irá ajudá-lo mais a não pecar do que isto: Nunca estou sozinho! ...na multidão, na banca de jornal, no computador e na frente da TV. (Evite a tentação e a aparência do mal, seja reto como uma flecha!)

IV. V. 18-20 O destino final dos ímpios.

Suas vidas passam rapidamente (como de todas as pessoas), eles deixam tudo para trás quando morrem, são removidos desta terra amaldiçoada e de suas possessões, e não desfrutam das alegrias e delícias desta vida, v. 18.

A morte se move rapidamente, v.19. Esta é uma verdade para toda a humanidade caída e pecadora descendente de Adão. Eles serão esquecidos pelo mundo, enquanto os vermes se alimentam dos seus corpos, v. 20. Suas más obras morrerão com eles, como o tronco de uma árvore enfraquecida finalmente vai ao chão.

O ponto principal de Jó aqui, é mostrar que tudo é uma questão de tempo: “Eu concordo que a prosperidade do ímpio é breve, pois um dia morrerão e entrarão em sofrimento, mas a questão é a seguinte: Eles sempre sofrem antes de morrer? Eu digo que não!”

V. V. 21-24 Mais detalhes sobre os ímpios.

São cruéis com os aflitos e solitários, v.21.

Eles se acham tão poderosos e confiantes, que perseguem até aos homens que exercem autoridade, de maneira que ninguém se sente seguro com pessoas deste tipo por perto, v. 22.

Embora estejam a salvo e seguros, não estão contentes. Eles continuam a buscar a quem possam assaltar, roubar e etc., v. 23.

Eles desfrutam de alguma prosperidade, mas quando estão maduros (plenitude de vida), são cortados, v. 24.

Ponto: Eles vivem e morrem como todos os demais. Parece que eles nunca serão descobertos ou punidos aqui, diante dos olhos humanos.
VI. V. 25 A mudança de Jó.

“Eu estou tão certo de tudo isso, que desafio a qualquer um me provar o contrário.”

- Esta é a coragem daqueles que conhecem a verdade!

Observe:

1. A maneira como tratamos os indefesos, mostra quem somos realmente. Viúvas, etc. Pense no aborto, na eutanásia. Nós respeitamos as pessoas?

2. Usemos o padrão bíblico de medida, não o carnal. As riquezas deste mundo são uma marca do ímpio, mais do que do sábio! Henry: “Não podemos dizer que todos que sofrem são ímpios, e que todos os que prosperam não são justos.” Deus permite que alguns dos seus inimigos passem por julgamentos nesta vida, antes do julgamento final, enquanto outros; somente no futuro, permitindo que eles tenham uma vida de muito “sucesso” aqui. Esta é uma decisão de Deus. (Ele não tem que nos explicar por que trata os ímpios de maneira diferente nesta vida.)

3. Não devemos ter inveja do ímpio em sua prosperidade. (Novamente, Salmo 73.) Deseje uma melhor felicidade do que aquela que o mundo pode oferecer. Durham: “Olhe para a fragilidade da sua vida enquanto você prospera, reconheça que você é exaltado apenas por algum tempo, e lembre-se que a eternidade está por detrás de tudo isso.”

4. Não devemos seguir o curso das coisas pecaminosas em virtude de outros se saírem bem ao fazer isso. Eclesiastes 8: 11. A justiça é tão certa quanto lenta! O julgamento visível é raro na maioria das vezes.

5. Ande sempre no caminho da obediência pela fé, aguardando pacientemente a justiça de Deus.

Daniel A. Chamberlin

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