sexta-feira, 21 de novembro de 2014

E se tudo mudar?



Certa manhã você acorda e abre os olhos lentamente tentando lembrar quais os primeiros compromissos do dia. Não lembra. Mas não é exatamente a falta de lembrança que lhe assusta: está tudo diferente ! As paredes não são mais brancas, estão pintadas de verde claro…Verde claro? Como é possível?

Mexeram no spot de luz enquanto você dormia, agora é outro! Assim como a posição da cama, o tamanho do quarto, os moveis, não tem mais cortina? Parece outro quarto ! A porta está diferente, não tem mais suite, não tem mais esposa dormindo ao lado, é outro quarto ! – A inevitável conclusão assusta e te empurra para fora da cama, fazendo com que belisque os próprios braços, dê tapinhas no rosto: “Acorda, acorda!”, mas não é um sonho.

Enquanto dormia algo aconteceu, tudo está diferente no quarto, fora dele, talvez em toda cidade, o cenário de sempre mudou, as pessoas foram substituídas por desconhecidos, está tudo completamente diferente. O que houve?

O que você faria se acontecesse contigo? Talvez não exatamente nas configurações descritas, mas, imagine que por alguma razão você descobrisse que todas as suas verdades, tudo o que considera mais estável, confiável, inquestionável, estivesse enganado? Um dia você acorda, abre os olhos e enxerga nova realidade, uma que se contraponha ao cenário de antes e faz com que, assustado, seja obrigado a admitir para si mesmo que as coisas não são exatamente como acreditava ser.

Então prepare-se para essa possibilidade. Aquele que busca enxergar e sente que é necessário quebrar condicionamentos, antes de tudo se expõe à possibilidades diárias de acordar e perceber que o quarto não era aquele, os móveis, os cenários, as pessoas, que tudo o que produzia certezas e seguranças não era exatamente como pareciam ser.

O fato é que a maioria de nós não busca enxergar, nossa busca é por segurança. Poucos estão disponíveis para livrar-se dos filtros do condicionamento cultural, religioso, moral, familiar, ou qualquer outro que modifique os cenários, pela simples razão que preferimos controle à liberdade, escoras ao invés de caminharmos com as próprias pernas. É mais fácil a estabilidade que um falso cenário produz do que expor-se ao desconforto de relativizar absolutos.

A mensagem de hoje pode ser inquietante, mas julgo necessária. Ela se baseia em uma pergunta: Você tem convicção de que suas certezas são fruto de uma busca consciente ou será que é apenas subproduto de sua necessidade por segurança?

Respondê-la com sinceridade pode esclarecer grande parte dos seus medos e desconfortos. Talvez, a parede do quarto sempre tenha sido verde clara.

Flavio Siqueira

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