sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A experiência do amor


O absoluto inclui a impermanência, assim como o imperfeito é parte do perfeito.
Nada é completamente desconectado do que é, ainda que eu e você, relativos, só tenhamos acesso ao “todo” conforme nossas próprias limitações.
O amor é uma dimensão, constante, absoluta, permeia nossa realidade fragmentada, se espalha sobre a terra com eloquência, mas, ainda assim, tudo o que vemos são reflexos.
Achamos que amor é relacionamento a dois, é sexo, é romance, é abraço, é caridade, é fraternidade, é tratar bem, é casamento, é romantismo, sem perceber que tudo o que chamamos de amor são meramente fragmentos do absoluto encharcados em nossa dualidade, distorcidos por nossas contradições, interesses, ambições, inseguranças, medos e olhares difusos.
O amor se impõe como realidade sem nome, sem dono, sem representante, sem “caixa”, sem causa, sem jaula, sem discursos pré concebidos, sem rótulos. Mistério que não se encerra em nós mesmos, tampouco em nossas tolas projeções. Nenhum de nós ainda sabe amar em plenitude. Nenhum de nós.
O amor simplesmente é, porém, vinculado a nossa impermanência, se expressa conforme somos.
É o que ele é refletido no que somos, espelhos turvos, mas nem por isso deixa de ser, nem por isso deixamos de perceber, de senti-lo de crer que existimos nele.
É por isso que acredito que nossas experiências, todas elas, tem por finalidade nos fazer aprender a amar. É isso que chamamos de “iluminar”, “evoluir”, “transcender”, afinal, sem amor, absolutamente nada faz sentido.
Por enquanto fiquemos com os reflexos, mas um dia seremos absorvidos, parte dele, fragmentos conectados ao todo, partes de uma coisa só.
Haverá o dia que de fato seremos amor e finalmente estaremos de volta, em casa. Enquanto isso caminhemos e cresçamos em amor.

Flavio Siqueira

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